Amazonas ainda apresenta consumo incipiente de crack
De acordo com a presidente do Conselho de Entorpecentes do estado (Conen/AM), Darcy Moreno, as drogas ilícitas atualmente mais consumidas no Amazonas e em Roraima são a maconha e a cocaína. Um quadro influenciado por questões logísticas.
“Quanto ao crack, como não há oferta, o uso também não existe e acaba ficando restrito para quem é de fora e traz a droga para consumo aqui no estado. Não é o caso de Porto Velho e Belém que tem rodovias. Lá, já ouvimos dizer que tem a presença do crack”, afirma.
Em entrevista à Agência Brasil, o delegado titular da Delegacia Especializada em Prevenção e Repressão a Entorpecentes (Depre) em Manaus, Einstein Rebouças, afirmou que a inexistência do crack no Amazonas também pode estar relacionada a questões culturais e de preço. Delegado há seis anos, ele afirmou que nunca ouviu falar sobre apreensão de crack na região e acredita que a presença da droga no estado seja insignificante.
“Acredito que a ausência de crack no Amazonas esteja relacionada tanto a um aspecto cultural quanto a um aspecto de preço.”
“A cocaína é o que lidera o trânsito de drogas no estado e se eles [usuários] apreciam as drogas consumidas, dificilmente mudam. A questão do preço é que, todo comércio, quando tem pouco consumidor, se torna inviável. Enquanto não atingir o consumidor em massa, esse comércio tende a ficar caro e restrito”, avalia.
Para Rebouças, dificilmente outro tipo de droga irá competir com a preferência pela cocaína no estado já que, nessa região, a droga é “mais limpa” e até mais barata.
Segundo o delegado, a cocaína no Amazonas chega diretamente de países vizinhos produtores, como a Colômbia, e é disseminada sobretudo por meio do trânsito de barcos. Só em fevereiro, a Depre já realizou 22 flagrantes de apreensões – todos de cocaína.
“Estamos mais perto de mercados produtores da cocaína e isso faz com que essa droga chegue aqui mais fácil, mais pura e às vezes até mais barata.”
“A cocaína aqui pode ser encontrada mais facilmente e em menor preço que em São Paulo, ou seja, fica cada vez mais difícil entrar outra droga nesse mercado para concorrer com essa cocaína, uma vez que aqui estamos nos limites da produção”, avalia.
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