Promoções de janeiro impulsionam alta da venda no varejo, diz IBGE
Segundo o coordenador de Serviços e Comércio do IBGE, Reinaldo Silva Pereira, a crise financeira internacional, que se intensificou em setembro passado, fez com que o nível de estoques subisse. "Após o Natal, há tendência de desovar estoques", disse. Resultado: o comércio fez promoções, reduziu preços e as vendas cresceram.
O coordenador disse que o aumento da renda em janeiro também influenciou as vendas. Além disso, o crédito à pessoa física continua influenciando as vendas. Desde o início da crise, no acumulado de setembro a janeiro, as vendas tiveram queda de 1,1%.
As vendas de hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo respondem diretamente à oscilação de preços. Pereira ressaltou que no primeiro semestre de 2008, os preços desses produtos haviam tido alta de 9,8%. Já no segundo semestre, com redução de preços de commodities e menor demanda internacional, o acumulado caiu para 1,5%, também incentivando as vendas.
Os alimentos têm o maior peso sobre o índice de vendas no varejo. O setor foi responsável por 3,4 pontos percentuais, com uma alta que ficou em 6% em relação a janeiro do ano passado.
Outro setor influenciado pela variação de preços é o de vestuário. Na comparação com dezembro, o setor registrou alta de 2,2% nas vendas, com as promoções. Mas em relação a janeiro de 2008, foi registrada uma queda de 4,7%, devido à variação cambial e à redução das importações de produtos chineses, mais baratos do que os brasileiros.
Do outro lado, a maior venda registrada em relação a janeiro do ano passado foi de livros, jornais e artigos de papelaria. Com o Carnaval no final de fevereiro, o ano letivo começou mais cedo e as vendas de material escolar e de livros se concentraram em janeiro neste ano, segundo o coordenador do IBGE. A alta em relação a janeiro do ano passado foi de 23,9%, e de 7,6% ante dezembro.
Já materiais para escritório, informática e comunicação tiveram queda de 12,5% em relação a dezembro. Este item inclui a venda de celulares, que geralmente é maior em dezembro, quando tinha registrado alta de 8,9% em relação ao mês anterior. Já na comparação com janeiro de 2008, o setor apresentou avanço de 15,4%.
Automóveis
Na pesquisa ampliada, são incluídos os setores de veículos, motos, partes e peças e de material de construção. A venda de automóveis chegou a cair 20,4% em outubro do ano passado, com a restrição de crédito decorrente do agravamento da crise financeira. Mas com a redução de IPI (impostos sobre produtos industrializados), as vendas foram retomadas.
O indicador de veículos já havia subido 4,2% em dezembro em relação ao mês anterior e acelerou a alta para 11,1% em janeiro. Mas, na comparação com o mesmo mês de 2008, ainda registra queda de 0,3%.
No outro segmento que costumava puxar a alta, os estímulos do governo para a construção civil ainda não foram sentidos. Os materiais de construção registraram queda de 2,8% em dezembro e redução de 12,5% ante janeiro do ano anterior.
"Com a crise, o consumidor tem que dar prioridades. Com o medo de perder o emprego ou de não ter reajustes salariais, acaba optando por não fazer a reforma, por exemplo", justificou Pereira.
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