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Economia
Quinta - 12 de Março de 2009 às 19:34
Por: Juliana Ennes

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Os principais fatores econômicos que levaram a economia brasileira à retração no último trimestre do ano passado não deverão se repetir nos mesmos moldes neste ano, segundo o presidente do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), Márcio Pochmann. Desta forma, ele diz não acreditar em recessão em 2009, tampouco no primeiro trimestre do ano.

Pochmann avaliou que o resultado do último trimestre de 2008 --queda de 3,6% do PIB (Produto Interno Bruto) ante o trimestre anterior-- não foi reflexo apenas dos elementos de transmissão da crise externa, mas também de fatores pontuais. Para o presidente do Ipea, "os elementos de agora são muito diferentes dos existentes até setembro e outubro".

"A nossa expectativa não é de termos recessão no ano. Eu particularmente, acho difícil que se reproduza recessão no primeiro trimestre, porque não há o mesmo quadro que havia no ano passado", disse.

Ele ponderou, entanto, em relação ao que chamou de "efeito tardio dos juros", concentrado no último trimestre do ano passado. A taxa Selic começou a ser elevada em abril, quando passou de 11,25% anuais para 11,75% por ano, e cujo processo de alta foi encerrado com o último aumento realizado em setembro, quando o índice chegou a 13,75% para 12 meses.

Ontem (11), o Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central decidiu, por unanimidade, reduzir a taxa básica em 1,5 ponto percentual, cortando a Selic de 12,75% ao ano para 11,25% ao ano.

"Os juros não têm impacto imediato, pode demorar de quatro a sete meses para afetar a economia real. Já sabíamos que o último trimestre de 2008 teria impacto dos juros", disse. Para ele, os impactos de estagnação da atividade que o aumento da taxa de juros acarreta sobre a economia não serão percebidos novamente no início do ano.

Estoques

Além disso, na avaliação do presidente do Ipea, o forte ajuste de estoques verificado no último trimestre não se repetirá no início deste ano. "Foi muito drástico. Levou até a uma necessidade de recompor [estoques], pelo menos até fevereiro", disse, em entrevista coletiva na sede da entidade no Rio.

Além disso, para Pochmann, as decisões de grandes multinacionais, por exemplo, de realizarem transferências de recursos para ajudar as matrizes se concentraram no último trimestre do ano passado, sem necessária ligação com a percepção do mercado brasileiro.

Outro fator que poderá amenizar os reflexos da crise é a atuação dos governos federal, estaduais e municipais, apesar de não terem sido considerados suficientes. Ele avalia muitas das medidas tomadas pelo governo como de longo prazo, sem terem um reflexo imediato. "Não são medidas emergenciais", afirmou.

Pochmann explicou que as decisões de obras dos governos, por exemplo, impactam as decisões de investimento do setor privado. "Nesse momento, o resultado não foi suficiente", opinou.





Fonte: Folha Online

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