Repórter News - reporternews.com.br
Nacional
Sexta - 06 de Março de 2009 às 13:46
Por: Gabriela Guerreiro

    Imprimir


Em carta encaminhada aos integrantes da Comissão de Anistia, que julga nesta sexta-feira 17 processos de mulheres e familiares vítimas da ditadura militar (1964-1985), a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) afirma que os valores que alimentaram a sua luta contra o regime militar continuam presentes na sua disposição de construir uma "vida melhor para toda a nação".

Na carta, a ministra envia mensagem de otimismo aos parentes das mulheres mortas em consequência da ditadura porque, apesar de convidada, não vai acompanhar o julgamento dos processos --por motivos de agenda. "Infelizmente não poderei compartilhar dessa homenagem especial às mulheres que lutaram na clandestinidade e de forma aberta na vida social pela democracia", afirma.

A ministra diz, na carta, que apesar da "perigosa travessia" realizada pelos militantes contrários à ditadura, ela continua no mesmo caminho de luta. "Não capitulamos ante as adversidades. Conquistamos a liberdade para construir a nação democrática de nossos sonhos. Viemos para fazer valer os valores éticos que inspiraram nossas lutas históricas pela justiça social e pela liberdade", afirma Dilma.

Apontada como pré-candidata do PT à presidência da República em 2010, Dilma participou ativamente de grupos de guerrilha urbana que lutaram contra a ditadura. A ministra foi vítima de tortura cometida na época do regime militar e chegou às lágrimas, no ano passado, ao lembrar do período em que esteve presa nos porões do Dops (Departamento de Ordem Política e Social), durante debate no Senado.

Sessão especial

A Comissão de Anistia, vinculada ao Ministério da Justiça, realiza nesta sexta-feira uma sessão especial integrada somente por mulheres para analisar 17 processos de vítimas da ditadura --todos de mulheres ou de seus familiares que foram vítimas do regime militar. O ato integra a chamada "Anistia Cultural" que este mês faz uma homenagem ao Dia Internacional da Mulher, comemorado no domingo (8).

"É um reconhecimento do papel das mulheres na redemocratização do país. As mulheres tiveram um ato corajoso na campanha pela anistia. Se não fosse o movimento das mães e esposas, talvez o movimento da redemocratização não tivesse ocorrido", disse o presidente da Comissão de Anistia, Paulo Abrão.

Entre os casos que serão julgados pela comissão, está o processo de Denise Crispim, ex-militante da VRP (Vanguarda Popular Revolucionária) que foi presa grávida de seis meses e libertada em troca da prisão de seu marido, Eduardo Leite "Bacuri" ---militante da VRP que foi torturado e assassinado em 1970 pelos policiais do DOI-Codi (órgão de de repressão do governo durante o regime).

"Muitas mulheres que se engajaram na resistência não receberam indenização. O Brasil não reconheceu esse erro até hoje", disse Abrão.





Fonte: Folha Online

Comentários

Deixe seu Comentário

URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/163966/visualizar/