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Quinta - 05 de Março de 2009 às 13:37
Por: Thiago Foresti

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No começo era novidade. Toda família se reunia, apagava as luzes e esperava ansiosamente pelos visitantes noturnos. Mas com o tempo, como aquele tipo de parente que vem para ficar, os bichos viraram de casa. “Agora já até perdeu a graça”, brinca Siley Vilarindo de Almeida. “Toda noite eles aparecem”.

Os ilustres visitante são um casal de lobos-guará, animal típico da fauna brasileira, considerado o maior mamífero canídeo da América do Sul. Siley, dona da fazenda Flecha de Ouro, na região de Brasnorte (562 km de Cuiabá), conta que tudo começou há cerca de três meses, quando alguns empregados da fazenda avistaram as latas de lixo da fazenda reviradas. “Uma funcionária colocou então um prato de comida para conseguir flagrar os bichos”.

Cirlei Klein, merendeira da fazenda, passou então a colocar toda noite restos de comida para alimentar os lobos. Daí até se sentirem em casa foi um pulo. Siley conta que os animais chegam a beber água da piscina. “De vez em quando, quando estamos vendo TV, ouvimos eles passarem na parte da frente da casa, mas agora já estamos acostumados”.

A moradora lembra da primeira vez que viu os bichos. Ela já sabia da existência deles por relatos de outros funcionários, mas nunca havia tido oportunidade de presenciar. Isso até aquela noite de dezembro, quando ouviu um barulho assustador na varanda de casa. “Era um ruído horrível, parecia uma briga ou coisa parecida, cheguei a achar que era assalto ou invasão”. Mas era apena o casal de lobos numa séria discussão conjugal. “Eles estavam brigando feio, acordei todo mundo e ficamos assistindo por algum tempo, admirados”.

Apesar de todo deslumbramento que os animais animais causam, os moradores da fazenda têm dúvidas quanto à segurança. Seria essa convivência saudável? Para responder a essa dúvida, o site TVCA entrou em contato com Itamar Assumpção, biólogo do Zoológico da UFMT. Segundo ele, o maior risco é para os lobos. “Não existem doenças que possam ser transmitidas de lobos-guará para seres humanos. Pelo contrário, as doenças só vêm de nós para eles”. Por ser uma espécie canina, os lobos estão sujeitos a todas doenças que um cachorro comum pode ter, com o agravante de que não são vacinados.

Quanto a eventuais ataques, o biólogo é cético. “Essa é uma espécie que tem muita cautela quanto ao tamanho da presa e costuma só se alimentar de animais bem menores que ele, como roedores e insetos”. Outra recomendação do especialista é sobre aos restos de comida doados pela família de Brasnorte. Ele afirma não ser saudável fornecer alimentos humanos, pois animais silvestres não estão acostumados com sal e temperos da nossa culinária. “É uma espécie muito frágil. Alguns ingredientes podem acarretar em sérios problemas renais”.

Vale lembrar que o lobo-guará é uma importante espécie do Cerrado brasileiro, mas que corre grave risco de extinção. Seu tamanho populacional é reduzido ano após ano e uma estimativa da União Internacional para Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN – em inglês) aponta que, se o ritmo continuar, a espécie pode desaparecer por completo em 100 anos.





Fonte: TVCA

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