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Economia
Quinta - 05 de Março de 2009 às 13:02

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Sem anunciar novas medidas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse hoje, durante reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), que a meta do governo brasileiro é manter o crescimento da economia em meio à turbulência da crise financeira internacional.

Em discurso de abertura da reunião, Lula criticou o protecionismo e pediu maior empenho de dirigentes de outros países para restabelecer o crédito no mercado internacional. Ele disse que instituições federais de crédito do País aumentaram os volumes para o financiamento. Dados apresentados pelo presidente mostram que a Caixa Econômica Federal, nos dois primeiros meses deste ano, disponibilizou um total de crédito de R$ 1,9 bilhão e, no mesmo período do ano passado, o valor foi de cerca de R$ 1 bilhão.

Lula ressaltou que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), em seu governo, voltou a ser um banco direcionado para o desenvolvimento. Para 2009, de acordo com ele, o banco de fomento disponibilizará R$ 100 bilhões para garantir o crédito para o capital de giro das empresas que estão fazendo investimentos em infraestrutura.

O presidente aproveitou também para pedir mudanças no sistema financeiro internacional. "Devemos ter bem claro que não podemos passar do vale-tudo do mercado financeiro para o vale-tudo do protecionismo", disse. Lula voltou a defender a regulação do sistema financeiro internacional e dos paraísos fiscais. "Temos não apenas de regular o sistema financeiro e os paraísos fiscais, mas estabelecer o crédito no planeta, porque sem crédito, a economia não funciona."

Em seguida Lula atacou, sem citar nomes, empresas que fizeram apostas no mercado especulativo. "Lamentavelmente muitos quiseram ganhar mais do que deveriam ganhar e aplicaram no derivativo e quebraram a cara. Não produziram uma única folha de papel. Temos de aprender esta lição."

Estado

A uma plateia formada por empresários, ministros e economistas do exterior convidados pelo governo, Lula disse que a teoria do Estado mínimo e do Estado como estorvo ao desenvolvimento não se confirmou. "Eu estou convencido de que a saída para esta crise só acontecerá se os governantes do mundo assumirem o papel de governantes de seus países", disse. "Houve, nas últimas duas décadas, quase uma apatia. As pessoas eram eleitas sob a égide de que o Estado não valia nada e tudo seria feito pelo mercado. Era preciso diminuir e enxugar o Estado, porque o Estado atrapalhava o crescimento", completou.

Segundo o presidente, o "Manifesto Comunista", de Karl Max e Friedrich Engels, já dava a receita para saída de crises como esta. "Agora é hora da gente aproveitar a crise e fazer o que não tivemos coragem de fazer nos últimos 20 anos", afirmou.

Ele aproveitou o discurso para fazer uma defesa da política social do seu governo. Ele disse que programas como o Bolsa-Família e Luz para todos, entre outros, contribuíram para o aumento, no mercado interno, do poder aquisitivo das classes mais pobres da população. "Vocês vão perceber que foi possível ajudar os pobres e fazer os ricos ganharem dinheiro", completou.

Dirigindo-se aos empresários, Lula disse que não era para eles pedirem ao governo incentivo para a redução de salário para os trabalhadores. "Não me peçam para que os trabalhadores paguem outra vez com o arrocho de salário. A gente não pode diminuir salário", ressaltou.

Orçamento

Embora o governo tenha anunciado um corte, ainda provisório de R$ 37,2 bilhões no Orçamento, o presidente Lula disse que contingenciamentos orçamentários não são solução para o fim da crise financeira. "Muitos chegaram até a falar em choque de gestão. Mas aqui no Brasil, no nosso governo, nunca falamos em choque de gestão. E ainda assim, a dívida líquida do setor público caiu de 57% para 36% do PIB (Produto Interno Bruto)", afirmou.





Fonte: AE

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