Brasil tem maior disparidade salarial entre sexos no mundo
As mulheres brasileiras recebem, em média, salários 34% inferiores aos dos homens, a maior diferença registrada entre os 20 países pesquisados para um estudo divulgado nesta quinta-feira pela Confederação Sindical Internacional (CSI), com sede em Bruxelas.
O resultado no Brasil supera a média dos países pesquisados pela CSI, que é de 22% de diferença entre as remunerações entre homens e mulheres durante o ano de 2008.
Calculadas com base em entrevistas realizadas com 300 mil trabalhadores entre 16 e 44 anos de idade em 20 países - 35.152 deles brasileiros -, as estatísticas da CSI contradizem os números oficiais dos governos, segundo os quais as mulheres de todo o mundo ganhariam, em média, 16,5% a menos que os homens.
Segundo a CSI, depois do Brasil a África do Sul é o país com a maior diferença salarial, de 33%, seguida por México e Argentina, onde as mulheres recebem, respectivamente, remunerações 29,8% e 26,1% mais baixas que os homens.
Por outro lado, a Índia é o país onde as condições são menos díspares entre os pesquisados, com uma diferença salarial de 6,3%.
Grã-Bretanha, Dinamarca e Suécia vêm em seguida, com diferenças de 9%, 10,1% e 11%, respectivamente.
Múltiplas causas
Para Sharran Burrow, presidente da CSI, trata-se de um problema de múltiplas causas.
O estudo indica que, de forma geral, as mulheres com um "nível de qualificação superior" enfrentam as maiores diferenças salariais, o que poderia ser atribuído à discriminação no mercado de trabalho, evidente na "maneira como os empregadores concedem promoções aos postos mais altos e nas deficiências em relação à proteção à maternidade".
Segundo o relatório, o resultado também pode ser atribuído "ao fato de que um maior número de mulheres que de homens ocupa postos de trabalho de tempo parcial ou que exijam menor qualificação em relação ao seu nível de estudos (geralmente pior remunerados), porque tem que trabalhar e cuidar da família ao mesmo tempo".
Globalmente, entre 40% e 50% dos entrevistados disseram ter dificuldade para conciliar a vida profissional e familiar. Entre 43% e 57% dessas pessoas eram mulheres, enquanto entre 34% e 40% eram homens.
Isso também faz com que a diferença salarial aumente com a idade, já que "os cargos de alto nível estão relacionados à experiência e aos anos de trabalho", segundo o estudo.
"Os homens têm geralmente mais tempo de trabalho que as mulheres, porque elas geralmente assumem a maior parte das responsabilidades familiares", conclui a pesquisa.
A CSI engloba 312 sindicatos de 157 países, que representam juntos um total de 170 milhões de trabalhadores.
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