Brasileira admite ter mentido para a polícia suíça, diz promotoria
A brasileira Paula Oliveira admitiu ter feito declarações falsas à polícia de Zurique na semana passada, quando disse ter sido atacada por três neonazistas e ter perdido filhos gêmeos dos quais afirmava estar grávida. As afirmações foram feitas pela Promotoria Pública de Justiça de Zurique, num comunicado emitido nesta quinta-feira (19). "A brasileira de 26 anos, que tinha dito que foi atacada no dia 9 de fevereiro de 2009 na estação de trem de Stettbach, em Zurique, voltou atrás em suas afirmações à polícia", diz o comunicado. De acordo com a nota, no dia 13 de fevereiro de 2009, ela explicou que não houve ataque e que ela própria infligiu os ferimentos em seu corpo. Após ver os resultados dos exames ginecológicos, Paula também teria dito que não estava grávida.
A nota diz ainda que a Promotoria Pública investiga, juntamente com a polícia, quais teriam sido os motivos que a levaram a fazer as declarações falsas, "se e quanto ela planejou tudo antecipadamente e se havia outras pessoas envolvidas".
As afirmações feitas por Paula no dia 13 ainda não teriam sido formalmente registradas pela promotoria.
Horas antes da emissão do comunicado da Promotoria Pública, o advogado de defesa de Paula Oliveira disse à BBC Brasil que está discutindo de duas a três estratégias para defendê-la, entre elas a de usar o fato de ela sofrer de lúpus como atenuante por seu comportamento.
"Ainda não definimos nossas táticas, mas esta seria uma delas", afirmou Roger Müller.
O advogado não revelou, no entanto, quais seriam as outras estratégias de defesa.
O lúpus é uma doença inflamatória que, entre outros sintomas, poderia provocar distúrbios psicológicos.
Na semana que vem, Paula será ouvida pelo promotor público responsável por seu indiciamento, Marcel Frei.
Segundo Müller, o dia exato ainda não foi definido.
A brasileira foi indiciada na última terça-feira "por suspeita de induzir as autoridades ao erro" e teve seu passaporte retido, para garantir sua permanência na Suíça pelo "tempo que sua presença for necessária para o inquérito e todas as providências da investigação tiverem sido tomadas".
Apesar de o código penal suíço prever uma pena de prisão de até três anos para casos como este, Müller descartou a hipótese de Paula ser presa.
"Esta não é uma possibilidade realista no caso da Paula, ela não vai ser presa", afirmou Müller, sem dar explicações para "não antecipar a investigação".
Mas, o advogado sugeriu que o caso de Paula é mais grave do que outros parecidos, ocorridos na Suíça, em que pessoas inventaram ou encenaram supostos ataques. Esses casos, segundo Müller, foram de "menor importância e gravidade leve".
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