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Cidades/Geral
Quarta - 18 de Fevereiro de 2009 às 10:07
Por: Pedro Cardoso da Costa

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Sem muito esforço, todos devem lembrar dos montes dos escândalos de corrupção nas várias esferas de governo. Quem lê jornais e revistas de notícias políticas sabem como essa notícia é corriqueira. Existem os mais escabrosos, mas todos trazem imenso prejuízo à nação, e todos ficam indignados; todos não fazem nada de efetivo para combater a corrupção e chegar à punição. Cada governo que entra repete as promessas e mencionam as ações. Não demora e os noticiários do sumiço de grandes fortunas volta.

Com a chegada das chuvas de verão as cenas parecem ser as mesmas de há quarenta anos atrás - a diferença fica por conta da tecnologia, e todos ficam indignados; todos não fazem nada de efetivo pelas ações preventivas e construções seguras. A função das autoridades restringe-se à contagem dos mortos, com números incorretos.

Com vidas perdidas pelas chamadas balas perdidas, que só ampliam de locais aonde elas alcançam, antes restritas às ruas, agora, é em casa, na escola, na escola de samba, acordados ou dormindo, e todos ficam indignados; e todos não fazem nada de efetivo contra mais essa matança típica brasileira.

Com crianças violentadas, mulheres apanhando diariamente, ensino com professores tirando nota zero, escolas caindo aos pedaços, lixo nas ruas de todas as cidades brasileiras, terrenos baldios só criando ratos, favelas surgindo aos montes, são problemas que há décadas deixam todos indignados; todos não fazem nada de efetivo pela solução.

Com o dinheiro jogado pelo ralo com despesas com um Parlamento tão caro quanto inútil, assim tem sido a retórica de despesas com a Câmara dos Deputados, com as assembléias legislativas e com as câmaras de vereadores, todos ficam indignados; todos não fazem nada contra esse desperdício de dinheiro público.

Com cidades inteiras, pelo país inteiro, onde não se vê um policial fazendo ronda, e uma Justiça que não julga jamais um caso de pessoa renomada coroam o caos em que se transformou o Estado brasileiro. Um Estado completamente falido, também há muitas décadas.

Só que a grande maioria da população não tem poder e cultura para organização e protesto. Quando isso ocorre, vândalos e até pessoas apenas despreparadas, ou infiltradas, exageram e aí o pau come. E os que têm capacidade e espaço na mídia escrevem pouco, pois, apesar de agora serem atingidos pela violência desenfreada, ainda não sofrem na mesma proporção dos pobres da periferia brasileira.

Poderíamos enumerar mais cinco mil problemas repetidos há décadas, com as mesmas explicações pela falta de solução. As entrevistas nas televisões parecem replay, apenas mudam os atores. Os argumentos indignados e os fatos são os mesmos.

Admirável Gado Novo, música de José Ramalho, retrata claramente o comportamento acomodado do cidadão brasileiro. Pelas iniciativas e dever naturais das autoridades brasileiras, daqui a vinte anos as águas continuarão carregando casas e pessoas, como carregaram há 30 anos. Os “bois” mudaram, mas os “vaqueiros” são os mesmos. Essa massa de 200 milhões precisa sair da condição de gado manso e passar à ação efetiva. Mas, antes, os formadores de opinião precisam escrever que essa mudança se faz necessária. Todos; a regra; em todos existem as exceções. Mas a solução virá pelos “todos”.

Pedro Cardoso da Costa – Interlagos/SP

Bel. Direito





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