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Economia
Terça - 17 de Fevereiro de 2009 às 12:45

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O governo brasileiro fará hoje um alerta ao governo argentino de que a tolerância em torno da tendência protecionista do país vizinho está chegando ao fim. A Folha apurou que a avaliação do Planalto é que a chancelaria argentina vem cedendo aos pedidos protecionistas dos empresários, o que causa dificuldades para os exportadores nacionais.

Apenas em janeiro, as exportações brasileiras à Argentina caíram 51% em relação ao mesmo período de 2008, atingindo US$ 641 milhões. Já as importações brasileiras de produtos argentinos tiveram queda de 46% na comparação interanual, para US$ 608 milhões.

Na semana passada, o presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Paulo Skaf, defendeu restrições a compras de produtos argentinos. Afirmou que desde o agravamento da crise econômica o país vizinho tem criado entraves para a importação de itens brasileiros. Citou sete setores como os mais prejudicados, entre eles linha branca, calçados e têxteis.

O setor têxtil argentino rebateu Skaf no final de semana. Em nota, defendeu a proteção ao mercado interno e afirmou que o comércio bilateral no setor foi favorável ao Brasil em US$ 1,69 bilhão nos últimos cinco anos.

Desde o início do ano, o governo argentino já abriu investigação sobre suposto dumping (venda a preços inferiores ao custo) na importação de multiprocessadores de alimentos do Brasil e da China, adotou licenças não-automáticas (que precisam de autorização estatal) para importação de pneus --produto do qual o Brasil é o principal fornecedor-- e passou a controlar as compras externas de produtos da cadeia do alumínio.

O Brasil também foi alvo de reclamações de protecionismo por ter estendido, em janeiro, o sistema de licenças automáticas a cerca de 60% de sua pauta de importações, medida revogada na mesma semana.

No Ministério da Produção argentino, o argumento é que as licenças não-automáticas, que de fato constituem barreira a importações, atingem apenas 150 produtos brasileiros (cerca de 4% do comércio bilateral), enquanto o Brasil aplica essas licenças a 4.300 itens que importa da Argentina.

Os ministros brasileiros pretendem apresentar aos argentinos o plano de criar uma linha de crédito em reais para empresários dos países vizinhos exportarem para o Brasil. A medida ajudaria a gerar divisas no país vizinho e, assim, estimular importações do Brasil.

Participarão da reunião os ministros de Relações Exteriores Celso Amorim e Jorge Taiana, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e da Economia da Argentina, Carlos Fernández, além do ministro do Desenvolvimento, Miguel Jorge, e a ministra da Produção da Argentina, Débora Giorgi.





Fonte: Folha Online

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