Soja começa o ano com preço firme no Brasil e no mundo, informa Cepea
Na última dezena de janeiro, produtores aproveitaram os níveis de preços, considerados satisfatórios, para efetuar vendas antecipadas, buscando garantir parte da receita para pagamento de insumos para a safra 2009/10. Mesmo assim, as vendas antecipadas ainda foram consideradas lentas, principalmente no Sul do País, onde a compra de insumos para a safra corrente foi feita com base em troca por soja. No Paraná, dados da Seab/Deral divulgados no início de fevereiro apontam redução de 16% na produção total de soja, passando para 9,9 milhões de toneladas. As maiores perdas nas produções ocorreram nas regiões de Toledo (32%), Cornélio Procópio (29%), Cascavel (34%), Campo Mourão (23%), Umuarama (18%) e Apucarana (18%). A Secretaria também apontava no final de janeiro que 26% das lavouras estavam em estado ruim, 33%, em condições medianas e 41% em boa situação. No Rio Grande do Sul, segundo a Emater, ainda não era possível estimar as perdas devido ao atraso do plantio, que só foi encerrado em meado de janeiro. Em janeiro, o que mais se destacou no setor de soja foram as fortes valorizações observadas para o farelo de soja. Esse derivado passou a ter participação expressiva na formação do preço da soja em grão, tanto no mercado interno quanto no externo. A desvalorização do óleo de soja também contribuiu para esse destaque ao farelo. Indústrias brasileiras de farelo estiveram mais ativas, visando ampliar seus estoques. A seca na Argentina fez com que parte da demanda externa se deslocasse para os Estados Unidos e para o Brasil, sustentando os preços na bolsa de Chicago (CBOT) e aumentando os prêmios de exportação brasileira.
Ao final de janeiro, os preços do farelo de soja chegaram a ter participação de 65% na formação do preço da soja na CBOT, um recorde e acima da média histórica, de 55%. Consequentemente, as cotações do óleo de soja representaram apenas 35% no período, abaixo da média de 45%. Destaca-se que entre final de maio e início de junho de 2008 ambos chegaram a participar com 50% na formação do preço da soja. Nas principais regiões produtoras/processadoras do Brasil, os preços do farelo chegaram ao maior nível nominal dos últimos dez anos – período em que o Cepea passou a acompanhar este mercado. Somente em janeiro, os preços subiram mais de 20%. Na região oeste do Paraná, por exemplo, os preços passaram de R$ 755,00/t no último dia de dez/08, para 901,77/t no dia 30 de janeiro. Nos últimos dias, porém, houve ligeiro recuo, para R$ 885,86/t.Entre 30 de dezembro e 30 de janeiro, o primeiro vencimento do farelo subiu 3,5% na CBOT. Para o óleo de soja, houve queda de 1,7% no mês. Como resultado, os preços da soja em grão reagiram 0,8% no primeiro mês de 2009 e 1% em sete dias.
No Brasil, o preço FOB de exportação, base porto de Paranaguá subiu 20% em janeiro. A maior demanda internacional fez com que os prêmios de exportação valorizassem de +1 dólar por tonelada curta para comprador e +4 dólares para o vendedor no final de dezembro para +25 no comprador e +30 no vendedor no encerramento de janeiro. O resultado foi o aumento das exportações de farelo de soja em jan/09, para 937 mil toneladas, o maior volume desde jan/05, segundo a Secex. No mês, as exportações de soja também cresceram em relação a jan/08 (46,4%), para 614,5 mil toneladas, enquanto as de óleo de soja foram de 84,6 mil toneladas, decréscimo de 44,8%. No acumulado de janeiro, o Indicador CEPEA/ESALQ (média de cinco regiões do estado do Paraná) subiu 4,54%, fechando em R$ 48,85/sc de 60 kg no dia 30. O Indicador ESALQ/BM&FBovespa (produto posto porto de Paranaguá) teve alta de 2,5%, passando para R$ 50,53/sc no último dia de janeiro. Na média das regiões pesquisadas pelo Cepea, os preços pagos ao produtor (balcão) registraram aumento de 7,5% no mês. No mercado de lotes (negociações entre empresas), o acréscimo foi de 5%.
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