Lula critica ministros que anunciam medidas pela imprensa
"Eu, às vezes, fico chateado quando as pessoas começam a falar pela imprensa, sem antes me dizer as coisas. Fico chateado porque [as coisas] podem não acontecer", afirmou o presidente, demonstrando que desconhecia o chamado "pacote de emprego" a ser proposto por Lupi.
O presidente afirmou ainda que para convencê-lo as pessoas precisam ter bons argumentos, não bastam apenas ideias. "Para as pessoas me convencerem, tem de se dotar de argumentos. Eu entendo muito de negociação, fiz isso a vida inteira, e eu acho que não existe nenhum momento em achar que cada um tem uma solução no colete", afirmou.
A irritação de Lula foi gerada pelo fato de Lupi ter informado hoje detalhes sobre as mudanças na ampliação do seguro-desemprego, mudanças na liberação do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço) e a possível intervenção do governo federal nas relações entre empresa e empregados.
De acordo com o ministro, o pagamento do seguro-desemprego deverá ser ampliado de cinco para sete meses. Outra possibilidade é autorizar o saque do FGTS para os trabalhadores que aceitarem a redução de carga horária. No entanto, essa segunda hipótese não tem apoio de vários setores do governo.
Para Lupi, uma outra alternativa viável seria o governo federal interferir nas negociações entre empresários e empregados. Já o presidente pensa de forma totalmente diferente. Para Lula, o ideal é que empresários e empregados resolvam suas pendências, sem interferência de terceiros.
"O caminho é negociação entre empresa e sindicato. O governo só entra na negociação entre capital trabalho, o dia em que uma das partes pedirem e uma concordar. Quando eu dirigente sindical, eu nunca aceitei que o governo se metesse na minha negociação", disse o ministro.
Lula se esquivou de analisar as hipóteses, em detalhes. "Tenho dificuldade de trabalhar sobre hipóteses. Estamos conversando com empresários e trabalhadores, aqui no Brasil tanto empresários como trabalhadores são especialistas em negociações, já negociamos em outros momentos difíceis", afirmou ele.
Para o presidente, apesar das dificuldades causadas pelo impacto gerado pela crise financeira internacional, é possível ter otimismo e aguardar momentos melhores. "Que a economia vai continuar crescendo vai. Trabalho com muito afinco para que as coisas aconteçam. É com muita tranquilidade e conversa que a gente vai fazer com que a economia dê um salto rápido", disse.
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