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Nacional
Quinta - 29 de Janeiro de 2009 às 10:02

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Um homem terá de entrar na Justiça para provar que está vivo, após ter descoberto que um atestado de óbito com seu nome foi emitido indevidamente, em agosto último. O erro foi do hospital estadual Padre Bento, em Guarulhos (Grande SP). O atestado, segundo o hospital, era para um homônimo.

Desde então, o padeiro desempregado Paulo Cezar dos Santos, 41, passou a conviver com os transtornos de estar juridicamente morto: perdeu o benefício de R$ 620,50 que recebia do INSS e não pode votar.

"Estou desempregado, não tenho dinheiro para pagar o aluguel nem para pegar um ônibus. E morto para a sociedade. Vou entrar na Justiça e entregar na mão de Deus", diz Santos, que mora com as filhas, de oito e dez anos, em Cangaíba, na zona leste da capital.

Santos sobrevive com a ajuda de parentes. Para "voltar à vida", o padeiro terá de entrar com uma ação cível para cancelamento de certidão de óbito, cujo julgamento pode levar de três meses a um ano, segundo o Tribunal de Justiça de São Paulo --que diz que não cabe uma liminar. O órgão afirma que esse tipo de ação é "raríssimo".

"Quem causou o erro não pode mais fazer nada para corrigir. É preciso entrar na Justiça", diz Ademar Gomes, presidente da Acrimesp (Associação dos Advogados Criminalistas de SP), que presta assistência jurídica a Santos. A entidade irá ajuizar ações de indenização e responsabilização criminal.

Santos conta que ficou internado no hospital em junho de 2006, após ter levado três tiros no rosto, ao reagir a um assalto --o que o deixou com sequelas. Desde então, ele frequenta o hospital mensalmente, para sessões de acompanhamento pós-cirúrgico. Ao ter o benefício do INSS cortado em agosto, ele diz que procurou saber do hospital o motivo. A resposta: seu nome havia ido para o "arquivo morto". "Só consegui falar com a diretora uma vez, em dezembro. Ela disse que ia dar um jeito no meu caso, mas não me explicou nada", diz Santos.

A Secretaria de Estado da Saúde admitiu ontem que houve erro administrativo do hospital, que anexou os dados de Santos ao corpo de um homônimo seu que havia morrido.

O conselheiro do Cremesp (Conselho Regional de Medicina de SP) Antonio Pereira Filho diz que a responsabilidade pelo atestado é do médico que o assina. Ele afirma que o Cremesp irá investigar o caso.

Segundo a certidão de óbito, o atestado foi assinado pelo médico-legista Roberto Vaz. Nem a Prefeitura de Guarulhos nem a Secretaria Estadual de Segurança Pública confirmaram ontem se Vaz trabalha para o Serviço de Verificação de Óbitos ou para o IML local.





Fonte: Folha de S.Paulo

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