Grã-Bretanha entra em recessão pela 1ª vez desde 1991
A Grã-Bretanha anunciou nesta sexta-feira que o país está oficialmente em recessão – a primeira desde 1991.
As informações, divulgadas pelo Escritório Nacional de Estatísticas (ONS, na sigla em inglês), indicam que o Produto Interno Bruto (PIB) retraiu 1,5% no último trimestre de 2008 em comparação com o trimestre imediatamente anterior.
No terceiro trimestre de 2008, a queda do PIB havia sido de 0,6%.
Pela definição amplamente aceita de recessão, o segundo trimestre consecutivo de retração do PIB indica que, tecnicamente, o país está em recessão.
A retração, divulgada nesta sexta-feira, foi maior do que a queda de 1,2% prevista pela maioria dos analistas.
Na comparação com o mesmo período de 2007, a queda do PIB no último trimestre de 2008 foi ainda mais acentuada: de -1,8%.
Segundo os dados do governo, a retração no último trimestre é resultado, principalmente, de uma queda no setor de serviços (- 1%) e industrial (- 3,9%).
Os dados divulgados pelo governo indicam ainda que a redução de 0,9% ponto percentual (de -0,6% para -1,5%), registrada do terceiro para o quarto trimestre, representa a maior queda entre trimestres no país desde 1980.
Com isso, a Grã-Bretanha entra em uma lista cada vez maior de países em recessão. No terceiro trimestre de 2008, o Japão, a Itália, a Alemanha e a Suécia já haviam entrado em recessão.
A expectativa de analistas como o economista Andrew Goodwin, da consultoria Oxford Economics, é de que as estatísticas do último trimestre de 2008 indicarão que outros países industrializados, como os Estados Unidos, também estariam em recessão.
Medidas
O governo britânico adotou diversas medidas para evitar a recessão. O Banco da Inglaterra cortou a taxa básica de juros para 1,5% ao ano - o menor percentual desde a fundação da instituição, numa tentativa de facilitar o acesso ao crédito.
Além disso, o governo injetou £37 bilhões no sistema bancário do país para evitar o colapso dos bancos.
O governo ainda cortou temporariamente o imposto sobre o valor agregado (VAT, em inglês), que incide sobre quase todos os bens e serviços comercializados, de 17,5% para 15%, com o objetivo de incentivar o consumo.
Em entrevista à BBC, o primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, defendeu a estratégia do governo em lidar com a crise econômica.
Segundo ele, o país está “lutando contra a recessão com todas as armas”.
Brown afirmou ainda que a profundidade e a duração da recessão no país dependerão da cooperação de outros países.
Segundo Goodwin, a recessão atual será ainda mais grave do que a registrada na década de 90.
O economista afirma ainda que é provável que a Grã-Bretanha seja um dos países mais afetados, já que depende muito do setor de serviços financeiros e de consumo.
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