Brasil aguarda primeiro trimestre antes de projetar exportações do ano
O governo federal deixará para abril a divulgação da projeção para as exportações brasileiras em 2009, afirmou hoje o secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Walber Barral. Segundo ele, o governo prefere esperar o primeiro trimestre, que, para ele, será o pior do ano.
"Os cenários só ficarão mais claros a partir de abril. Os problemas [gerados pela crise] desde de novembro nos impede de fazer uma meta. Esse período [novembro de 2008 a março deste ano] será o pior para o comércio exterior brasileiro", afirmou em seminário realizado na Amcham (Câmara Americana de Comércio).
Por enquanto, o Ministério do Desenvolvimento trabalha com cinco cenários diferentes. No mais otimista deles, o Brasil exportaria US$ 202 bilhões de 2009, no mesmo valor do ano passado. Na pior deles, a exportação seria de US$ 158 bilhões, 15% abaixo do patamar de 2008.
O que faz o ministério ser "realista" em suas previsões é a queda do crescimento global, que será mais pronunciada nos outros países. "Curiosamente, por causa disso, nossa meta de chegarmos a ter 1,25% do comércio mundial, deverá ser batida. Não porque vamos aumentar nossas exportações, mas sim porque a de todo o mundo vai cair".
Protecionismo
Barral lembrou que, em tempos de crise, o Brasil terá que ter cuidado redobrado para que não seja prejudicado por medidas protecionistas de outros países. "Em ano de crise, não é incomum que os governos tenham ideias de jerico", afirmou o secretário. "O protecionismo é comum e temos que reagir automaticamente."
Para isso, pediu também a ajuda do setor privado, para que reclame os problemas que por ventura enfrentarem.
Crédito
Sobre a questão do crédito, Barral relatou que não há mais falta de liquidez e dólar como visto no fim do ano passado. Porém, admitiu que ainda há problemas quanto à liberação de recursos.
"Não há mais falta de crédito, mas há dificuldade de acesso, principalmente pelas micro e pequenas empresas e alguns setores."
Segundo o secretário, isso ocorre porque o crédito ainda está caro e os bancos estão mais seletivos e exigentes na liberação de empréstimos.
Para tentar diminuir o problema, segundo ele, o ministério está em conversações com os bancos, principalmente os oficiais, para que ampliem sua carteira de crédito para exportações. Dois, em especial, estão no centro das conversas, a Caixa Econômica Federal e o BNB (Banco do Nordeste do Brasil).
Sobre a Caixa, ele revelou que está reestruturando seu departamento de comércio exterior e deve passar a funcionar com mais rigor já neste ano. "É importante que a Caixa faça isso porque ea tem a vantagem de ter uma grande capilaridade entre as micro e pequenas empresas", disse Barral.
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