Para conter desemprego, PIB precisa crescer 4% neste ano, diz Ipea
Após o anúncio ontem da perda de mais de 654 mil postos de trabalho em dezembro, o Ipea (Instituto de Pesquisa Aplicada) divulgou hoje estudo que mostra que, no pior cenário, 1,126 milhão de trabalhadores podem ficar fora do mercado de trabalho em 2009.
No estudo, o Ipea simulou três parâmetros para o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro em 2009: 1%, 2,5% e 4%. O documento ressalta que os três valores foram atribuídos arbitrariamente, já que "não existem parâmetros precisos para aferir o grau de contaminação da economia brasileira com a crise internacional", mas que os números são compatíveis com as "transformações recentes na economia".
Com o crescimento de 1% do PIB neste ano, seriam gerados 320 mil novos postos de trabalho. A previsão, porém, é que novos 1,4 milhão de trabalhadores entrem no mercado em 2009, o que adicionaria ao total de desempregados 1,126 milhão de pessoas.
Na simulação de crescimento de 2,5%, seriam criados novos 800 mil empregos, ainda assim deixando de fora do mercado 806 mil trabalhadores. Mesmo na melhor das previsões, com o crescimento de 4% --quando seriam gerados 1,3 milhão de empregos-- ainda ficariam desempregados 154 mil pessoas.
"Crescer 4% não será suficiente para combater o desemprego. Quando o Brasil vai crescer em 2009, é determinante para saber se o Brasil vai manter a sua trajetória positiva dos últimos anos", afirmou o presidente do Ipea, Márcio Pochmann.
Pelas simulações, a taxa de desemprego em 2009 ficaria entre 7,7% e 8,6%. Em 2008, ela deverá ficar em 7,6%.
Renda
A renda do trabalhador brasileiro só não cairá se o crescimento for de 4% em 2009. Nesse caso, a renda do trabalho crescerá 0,2%, mantendo a trajetória de expansão registrada desde 2004. Já com o crescimento do PIB de 2,5%, a participação salarial na renda nacional cairá 0,6%. No pior dos cenários, com crescimento de 1%, a renda do trabalhador brasileiro cairá 3%.
"O manejo eficiente das políticas econômicas e sociais pode auxiliar a evitar um pior cenário ou ao menos amenizá-lo", conclui o documento.
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