Redução do crédito afeta vendas do comércio, avalia IBGE
A redução da oferta de crédito teve impacto significativo nas vendas de setores dependentes de financiamento, em novembro, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Foi constatada queda nas vendas de móveis e eletrodomésticos, artigos de informática e de veículos. Nesse cenário, outros segmentos, mais ligados à renda, amorteceram a queda das vendas do comércio naquele mês, como o setor de hiper e supermercados.
Ainda assim, a Pesquisa Mensal do Comércio apontou desaceleração na maioria dos setores investigados, na comparação com novembro de 2007. Nessa comparação, considerando apenas as vendas no varejo, foi a primeira vez, desde dezembro de 2006, que um dos setores tem desempenho negativo. As vendas de tecidos, vestuário e calçados tiveram redução de 8,7% sobre igual período em 2007.
Para o coordenador de Serviços e Comércio do IBGE, Nilo Lopes de Macedo, está claro que houve uma mudança no quadro do comércio. Ele lembrou que desde 2004, o crescimento era praticamente constante. Dois resultados negativos consecutivos, como foi verificado em outubro e novembro, não aconteciam desde fevereiro e março de 2006.
"O comércio crescia em praticamente todos os meses. Há um cenário claro de que a situação é totalmente diferente do que vinha ocorrendo", afirmou Macedo.
O especialista citou dados do BC (Banco Central), que exemplificam a redução da oferta de crédito no mercado. Em relação a novembro de 2007, a concessão de crédito pessoal, em termos nominais, caiu 25,69%; já a liberação de crédito para a compra de carros despencou 62,85%. E isso tudo se somou ainda a um aumento de 24% dos juros para crédito pessoal e de 27% para a compra de veículos.
As vendas do comércio caíram 0,7% em novembro. Se forem levadas em conta as vendas de veículos e materiais de construção, essa queda chega a 3,4% no comércio varejista ampliado. O IBGE, no entanto, verifica as vendas desses dois setores tanto no atacado quanto no varejo.
Na comparação com novembro de 2007, as vendas desaceleraram entre os setores de hiper e supermercados (7,3% em outubro para 6% em novembro), móveis e eletrodomésticos (15,7% para 4,5%), equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (42,8% para 20,8%), combustíveis e lubrificantes (10,9% para 5,5%). Para veículos, motos, partes e peças, passou de -7,4% para -20,3% e material de construção, de 3,7% para -6,2%).
No geral, as vendas do comércio varejista, em relação a 2007, subiram 5,1%, ante 9,8% em outubro. No comércio varejista ampliado, a retração chegou a 4,1%, ante alta de 3,5%. É a primeira vez, desde que os setores começaram a ser investigados, em janeiro de 2005, que as vendas do comércio varejista ampliado tem índice negativo, na comparação com igual período do ano anterior.
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