Câncer de pele dobra risco de tumor, aponta estudo
Ter tido câncer de pele dobra o risco de desenvolver outros tipos de tumor, relata estudo publicado neste mês no "British Journal of Cancer".
Segundo os pesquisadores, que avaliaram mais de 22 mil casos na Irlanda do Norte entre 1993 e 2002, as chances de ocorrência de um novo câncer, especialmente dos relacionados ao tabaco, duplicam nas pessoas que tiveram um melanoma (mais agressivo) e são até 57% maiores em quem teve um tumor do tipo não-melanoma.
O câncer de pele é o mais incidente no Brasil, com mais de 115 mil novos casos de não-melanoma em 2008 e quase 6.000 casos do tipo melanoma, segundo dados do Inca (Instituto Nacional de Câncer).
"Há várias explicações possíveis para a relação com outros cânceres. A exposição ao sol é um importante fator de risco para todos os tipos de câncer de pele, então pacientes que desenvolveram um tipo têm mais risco de desenvolver os outros. O aumento de risco de tumores relacionados ao tabagismo pode ocorrer porque o fumo predispõe o câncer de pele assim como outros tipos de câncer", disse à Folha Marie Cantwell, do grupo de pesquisa em epidemiologia e prevenção do câncer da Queen's University Belfast, na Irlanda do Norte, responsável pelo estudo.
Segundo Alexandre Leon Ribeiro, dermatologista do Departamento de Oncologia Cutânea do Hospital A. C. Camargo, o tabagismo aumenta a incidência do câncer de pele não-melanoma do tipo espinocelular, principalmente na região da cabeça, como na boca e na língua.
"Isso pode estar envolvido com outros tipos de câncer, como o de bexiga, que também tem ligação com o fumo", afirma. Ele acrescenta que 10% dos pacientes que desenvolvem melanoma têm mutações genéticas que podem levar a outros tumores. O melanoma está associado ao desenvolvimento de câncer no pâncreas e no sistema nervoso central.
Isto é, o câncer de pele é um indicativo de que fatores externos ou genéticos estão modificando os mecanismos de reprodução celular, o que pode causar outros tumores. "O câncer é multifatorial: infecções virais, substâncias alimentícias, o álcool e o fumo, além da exposição ao sol, atuam modificando a ação imunológica do organismo", explica Carlos Eduardo Alves dos Santos, dermatologista do Inca.
Diferentes riscos
O principal fator de risco para o câncer de pele é a exposição ao sol. Pessoas de pele branca, olhos e cabelos claros e que tenham sardas ou mais de 50 pintas espalhadas pelo corpo são mais vulneráveis.
O câncer não-melanoma é considerado menos perigoso, pois tem crescimento lento e, quando tratado no início, traz baixo risco de morte. Geralmente, atinge áreas que ficam cronicamente expostas, como rosto, colo e braços. No entanto, pode ser um sinal de risco para o tipo mais agressivo.
O melanoma age de maneira agressiva pois se prolifera rapidamente e pode gerar metástase em outras partes do corpo. Costuma aparecer em partes menos expostas, como tronco e membros, e ocorre como fruto de uma exposição aguda ao sol, que gerou bolha e queimadura.
"A radiação ultravioleta do tipo B, mais presente das 10h às 16h, está mais ligada ao câncer, pois causa queimaduras, atinge mais a epiderme e altera o DNA celular", diz Santos.
O uso de filtros solares e a menor exposição ao sol no horário de maior risco reduzem as chances de câncer.
Camas de bronzeamento artificial também aumentam os riscos e devem ser evitadas. "Fazer bronzeamento artificial uma vez por mês ou mais aumenta o risco de câncer de pele em mais de 50% e, se realizado antes dos 35 anos, aumenta o risco de melanoma em 75%", disse Marie Cantwell.
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