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Economia
Quinta - 15 de Janeiro de 2009 às 13:14

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O crescimento da economia será "próximo de zero" em 2009, indicam as previsões apresentadas hoje pela ONU (Organização das Nações Unidas), que levaram em conta a forte queda dos principais indicadores da produção no último trimestre do ano passado.

O economista da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad), Heiner Flassbeck, afirmou que por causa da grande deterioração da economia no mundo todo não será possível alcançar nem o 1% de crescimento que se tinha previsto em setembro de 2008.

A previsão se situa agora no cenário mais pessimista que a entidade da ONU tinha previsto naquela época.

Flassbeck reconheceu que, por enquanto, "não há nada que ofereça um estímulo positivo. O único ponto positivo é que os governos entenderam o quão grave é [a crise], embora tenham começado a atuar muito tarde em nível global".

Ele declarou que a "Europa, apesar de estar em uma recessão mais profunda que os Estados Unidos, demorou a reagir", a tal ponto que --na sua opinião-- a Alemanha anunciou ontem o primeiro pacote de estímulos de destaque.

"A lição que precisamos aprender com o passado é que são necessários estímulos e que os Estados devem entrar para compensar com dívida pública a forte redução de dívida privada", afirmou.

"Estamos em um momento muito dramático. Praticamente não há países que tenham estabilizado sua situação, portanto os meses que virão serão muito duros", disse o economista.

Segundo a avaliação da Unctad, o "grande perigo" que existe "não é a recessão, mas a deflação", e para evitá-la são necessárias medidas significativas de estímulo.

O representante da entidade disse que a experiência mais importante de deflação remonta aos anos 300, quando seu efeito principal foi o corte de salários em uma vã tentativa de estabilizar a situação, mas que terminou a tornando pior.

Neste cenário o consumo cai e o peso da dívida é maior, enquanto as políticas monetárias --às quais agora resta uma limitada margem de manobra diante das reduções das taxas de juros-- perdem sua capacidade de estímulo.

Perguntado sobre a responsabilidade dos EUA nesta crise, Flassbeck afirmou que se o problema dos créditos de alto risco ("subprimes") fosse a única causa "a situação não seria tão grave".

No entanto, reconheceu que a explosão dos créditos podres nos EUA revelou as bolhas de especulação da bolsa, do preço das matérias-primas e dos mercados imobiliários.

Ele acrescentou que o nível de falta de regulação do mercado ao qual havia se chegado nos EUA "levou a excessos", mas disse que a Europa e o Japão seguiram este caminho.

"Ninguém sabe o que acontecerá neste ano", disse o economista, após explicar que são necessários dados comparáveis em nível mundial. "Isto é uma experiência totalmente nova e não se pode acreditar em nenhuma previsão. Ninguém sabe como será 2010. Alguns tentam tranquilizar os governos dizendo que tudo o que baixa tem que subir em algum momento, mas isto não é verdade."

Por outro lado, Flassbeck afirmou que o impacto da crise nos países em desenvolvimento será múltiplo e provocará um maior custo do crédito e a queda do fluxo de capitais externos.

Ainda pior estão os países que estão endividados em algumas das principais divisas, "os países que estão endividados em moeda ruim", disse, diante das quais numerosas moedas locais se desvalorizaram.

Neste contexto, afirmou que os países pobres precisam de assistência do mundo desenvolvido e reivindicou que "pelo menos se mantenha a ajuda oficial ao desenvolvimento nos níveis atuais e não se corte como aconteceu no passado".





Fonte: EFE

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