Fórum Mundial aponta MT como Estado da destruição
O Fórum Social Mundial 2009, evento que reúne anualmente representantes de todo o mundo, coloca Mato Grosso como o Estado da destruição amazônica. Durante o Fórum, que neste ano se realiza entre os dias 27 de janeiro a 1° de fevereiro em Belém (PA), representante do Greenpeace vai ministrar a palestra "O rastro da pecuária na Amazônia - Mato Grosso, Estado da Destruição".
A palestra será ministrada pelo jornalista André Muggiatti, membro do Greenpeace e especializado em meio ambiente. Além da questão ambiental, o Fórum Social Mundial discutirá questões relacionadas à desigualdade social, à injustiça, à intolerância e ao preconceito.
Procurado pela reportagem do PnBOnline, o jornalista André Muggiatti, disse, por meio de sua assessoria, que prefere não antecipar as informações, que serão divulgadas na palestra marcada para o dia 29 de janeiro, das 8h30 às 11h30.
O Fórum Social Mundial é um espaço aberto de encontro – plural, diversificado, não-governamental e não-partidário –, que estimula de forma descentralizada o debate, a reflexão, a formulação de propostas, a troca de experiências e a articulação entre organizações e movimentos engajados em ações concretas.
Em visita a Várzea Grande na manhã de ontem (13), o governador Blairo Maggi (PR) preferiu não comentar a iniciativa do Greenpeace. “Não quero opinar sobre esse assunto, até porque eu não faço idéia do que será apresentado na palestra. Hoje estou ligth”, desconversou Maggi.
Consciência ambiental
Em Mato Grosso, o gestor de projetos do Instituto Mato-Grossense de Economia Agrícola (IMEA – ligado ao sistema FAMATO), Tiago Correa, contesta as informações do Greenpeace e garante que a consciência ambiental já chegou no campo. "Diferentemente de outras épocas, o produtor agropecuário não faz mais nada no campo sem pensar na questão ambiental. Hoje ele é cobrado pelos próprios filhos sobre a importância de preservar", ressaltou Tiago.
Conforme o representante do IMEA, instituto criado para ser o centro de referência da agropecuária mato-grossense, a redução do índice de desmatamento demonstra essa conscientização. "De 2003 a 2007 houve uma redução do desmatamento na ordem de 76%, o que representa uma diminuição de 1 milhão de hectares de área desmatada por ano para 200 mil ha/ano", argumentou.
Mato Grosso possui o maior rebanho do país. São aproximadamente 25 milhões de cabeças de gabo, conforme o Instituto de Investigação, Desenvolvimento e Estudos Avançados (INDEA).
De acordo com outro representante do Instituto, Otávio Lemos, que é responsável pelo núcleo de análise e conjuntura do Imea, com as novas técnicas de produção, os produtores têm condições de aumentar a sua produtividade sem derrubar mais nenhuma árvore.
Dentre as novas técnicas adotadas no campo, Lemos destaca a adubação de pastagem; integração lavoura-pecuária e confinamento dos animais. Na primeira, é possível obter alto desempenho animal e alta produtividade por hectare, com a implementação de adubos que evitam a degradação do pasto.
A integração lavoura-pecuária pode ser definida como a diversificação, rotação, consorciação e/ou sucessão das atividades de agricultura e de pecuária dentro da propriedade rural de forma harmônica, constituindo um mesmo sistema, de tal maneira que há benefícios para ambas.
Já a técnica de confinamento é uma opção estratégica que acelera o processo de engorda e abate dos animais, e, consequentemente, a produção de carnes. Conforme dados do IMEA, de 2005 a 2008, houve um aumento de 342% no número de animais confinados no estado de Mato Grosso, subindo de 103 mil cabeças para 455 mil cabeças. "Por exigir pouco espaço, a técnica de confinamento tem levado os animais para as áreas de produção agrícola", salientou Otávio Lemos.
Ele informou ainda que a agropecuária representa 35% da área de Mato Grosso. Desse montante, 8 % correspondem à agricultura e 25% à pecuária. Ainda de acordo com os dados do Imea, mais de 60% da área é preservada.
Otávio Lemos lamentou a falta de logística no Estado, que acaba por encarecer muito a produção. Isso porque os recursos financeiros, que poderiam melhorar a produtividade, são gastos no escoamento da produção e no transporte de defensivos agrícolas.
Visita
O ministro de assuntos estratégicos, Mangabeira Unger, visita hoje o Estado de Mato Grosso, onde vai apresentar os projetos desenvolvidos para o plano “Amazônia Sustentável”. Hoje às 14h, ele se reúne com o governador Blairo Maggi, no palácio Paiaguás, em Cuiabá.
A regularização fundiária na região Amazônica, a recuperação das estradas, o estímulo à aviação regional e ao transporte hidroviário são alguns dos pontos que devem ser discutidos. Depois o ministro Mangabeira Unger segue viagem para os Estados do Pará, Amazonas e Acre.
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