Obama herdará ameaças de ataques contra os EUA, diz Bush
O presidente americano, George W. Bush, afirmou nesta segunda-feira que seu sucessor, o democrata Barack Obama, herdará a constante ameaça de um ataque terrorista contra os Estados Unidos.
"As apostas são altas. Há um inimigo que ainda está aí e que gostaria de atacar os americanos de novo", disse Bush, em sua última entrevista coletiva antes de deixar a Casa Branca.
"Gostaria de dizer que isso não acontece, mas ainda há inimigos que querem nos atacar. Esta é a realidade do mundo e eu desejo o melhor a ele", disse Bush, que listou o Irã e a Coreia do Norte entre os inimigos dos EUA.
O presidente, que, bem humorado, brincou inúmeras vezes com os repórteres, lembrou que Obama terá que enfrentar como prioridade em segurança nacional as negociações sobre a desnuclearização da Coreia do Norte que, após um ano de promessas e ameaças dos dois lados, parece não ter avançado. "Há uma discussão na comunidade sobre qual o tamanho do problema que eles representam. Eu acho que eles mantém um programa de enriquecimento de urânio e por isso é importante criar programa forte de verificação", disse Bush.
O republicano pediu ainda que Obama avance nas relações com o país comunista e faça os Pyongyang cumprir a promessa de garantir ampla verificação de suas instalações nucleares. "Eles ainda são perigosos".
Israel
Bush falou também dos confrontos em Gaza que, em seu 17º dia consecutivo, deixaram ao menos 890 palestinos mortos. Defendendo a postura americana pró-Israel, Bush pediu um cessar-fogo durável que, segundo ele, significa que "o Hamas pare de atirar foguetes contra Israel".
A grande ofensiva militar israelense começou em 27 de dezembro do ano passado como, segundo Israel, uma resposta ao lançamento de foguetes pelo movimento islâmico radical Hamas. Desde então, os EUA adotaram uma postura favorável a Israel e muito criticada pela comunidade internacional.
"A escolha [por um cessar-fogo] é do Hamas", disse Bush, acrescentando que cabe ao Egito interromper o contrabando de armas de seu território para Gaza, o que permite que o Hamas se arme e lance foguetes contra Israel.
"Israel tem o direito de se defender, mas claro que, nestes casos, preferiria que não houvesse vítimas civis e que eles ajudassem levar mais ajuda humanitária", concluiu Bush, que disse ter avançado durante seu governo nas negociações de paz entre israelenses e palestinos.
Críticas
Questionado inúmeras vezes sobre as duras críticas que recebeu durante seu governo, Bush disse que a maioria das pessoas com quem se encontra não estão "bravas e hostis". "As pessoas que ficam bravos, gritam, dizem coisas ruins são poucas. Não sei porque elas ficam bravas e hostis", disse o republicano, que deixa a Casa Branca como um dos presidentes mais impopulares dos EUA.
Segundo Bush, boa parte das críticas que ele atraiu --principalmente a custosa Guerra do Iraque e o déficit orçamentário-- são consequência das decisões polêmicas que ele, como presidente, teve de tomar.
"Estou disposto a tomar ações difíceis e, em tempos de guerra, as pessoas tendem a ficar emocionais. Mas elas não afetam minha política ou a forma como tomo decisões", disse Bush, que afirmou que Obama também ficará desapontado com as críticas, mas não deve se deixar influenciar por elas.
"Senão, como vou voltar para o Texas e me olhar no espelho?".
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