Três brasileiros saem para caçar na Argentina e são assassinados
O assassinato de três brasileiros que foram a uma selva na província de Misiones, na Argentina, para caçar, intriga as autoridades policiais brasileiras e argentinas.
Segundo o delegado da Polícia Civil de Itapiranga (SC), Ricardo Newton Casagrande, o agricultor Raimundo Clem, 50, e dois cunhados dele, os irmãos Sérgio, 29, e Ademir Luft, 31, trabalhadores rurais, saíram de suas casas no dia 26 de dezembro do ano passado rumo à selva Yabotí, localizada na província de Misiones, para caçar. Após chegar ao local, eles tiveram de percorrer cerca de 30 km a pé mata adentro.
O grupo havia dito a familiares que retornaria em 29 de dezembro e levou um cavalo para transporte de materiais. Entretanto, no dia 30, o animal retornou a Itapiranga ferido por golpes que, aparentemente, podem ter sido provocados por faca. Os familiares acionaram as autoridades policiais brasileiras e argentinas para saber o que havia ocorrido. Como não conseguiram informação alguma até o último dia 5, pediram autorização para montar em cavalos e realizar as buscas.
Dada a autorização, parentes localizaram os corpos de Ademir e Sérgio no dia 6. Eles estavam cravejados de balas e ferimentos que podem ser de facadas.
O corpo de Clem só foi encontrado no sábado (10). 'Ele estava com um saco na cabeça que dá a entender que foi sufocado ou foi jogado num rio próximo e foi afogado', afirmou o delegado. O motivo do crime ainda não foi esclarecido.
Segundo a Polícia Civil, os corpos tiveram de ser resgatados por helicóptero. Até hoje os familiares não conseguiram autorização para o traslado dos corpos.
Casagrande informou que as autoridades argentinas disseram que só devem liberar os corpos após autorização do vice-consulado brasileiro.
Burocracia
Renato de Oliveira, assistente consular do vice-consulado brasileiro em Puerto Iguazú, em Misiones, informou que é comum esse tipo de procedimento por parte das autoridades argentinas.
Oliveira informou que para liberar o corpo, as autoridades argentinas precisam expedir uma espécie de atestado de óbito. A partir deste documento os parentes devem procurar o vice-consulado e requisitar uma autorização para que os corpos sejam trasladados.
A autorização é feita apenas com uma série de documentos e informações --que incluem desde a identificação correta, se a pessoa tem ou não bens e quais são os eventuais herdeiros. Somente depois da expedição dessa autorização --apesar da riqueza de detalhes o documento é expedido em até duas horas após sua entrada-- é que os parentes podem levar os corpos para serem enterrados.
Até por volta das 13h desta segunda-feira, Oliveira informou que desconhecia o caso dos brasileiros mortos e que nenhum parente foi procurar o vice-consulado.
Por telefone, a reportagem da Folha Online não conseguiu contato com familiares dos três mortos.
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