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Economia
Sábado - 10 de Janeiro de 2009 às 11:38
Por: Juliana Rocha

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O Banco do Brasil anunciou oficialmente ontem a compra de 49,99% do capital com direito a voto do Banco Votorantim, braço financeiro do grupo da família Ermírio de Moraes, por R$ 4,2 bilhões, conforme a Folha adiantou anteontem.

Isso significa que o banco da família Ermírio de Moraes segue como empresa privada. Não foi estatizado por diferença de 0,02% das ações.

O presidente do BB, Antônio Francisco de Lima Neto, e José Ermírio de Moraes Neto, presidente do Banco Votorantim, disseram que a gestão do banco será compartilhada. Todas as decisões terão que ser tomadas em conjunto, e não haverá voto de Minerva. Eles decidirão em 120 dias se a instituição mudará de nome. E afirmaram que não haverá demissões entre os 6.800 funcionários.

O presidente do BB vai ocupar a presidência do conselho do Votorantim no primeiro ano, e Ermírio de Moraes será o vice-presidente. Eles disseram que a presidência do conselho, que terá oito integrantes, será rotativa entre Lima Neto e Ermírio de Moraes, com a troca a cada ano.

No anúncio da compra, no Ministério da Fazenda, o ministro Guido Mantega ressaltou a importância estratégica da carteira de crédito do Votorantim, principalmente na área de veículos usados.

"Esperamos que aumente o financiamento para veículos, principalmente usados, já que houve uma redução [por causa da crise]", afirmou o ministro.

Ele comparou a compra de metade do Votorantim à aquisição de uma financeira, que ajudará o BB a aumentar a carteira de crédito no financiamento de bens duráveis.

"O Banco Votorantim tem uma grande carteira de atuação em financiamento de carros novos, usados, materiais de construção. É uma área em que o BB atua menos. É como se estivéssemos acoplando uma financeira a um banco comercial", disse Mantega.

A carteira de crédito para pessoa física do Votorantim soma R$ 21,7 bilhões, dos quais R$ 16,8 bilhões são de veículos. Com esse ativo, o BB terá uma carteira de pessoa física de R$ 73,2 bilhões, 42% maior do que é hoje. O financiamento de veículos do banco público vai somar R$ 22,4 bilhões, 300% acima da carteira atual.

Ermírio de Moraes ressaltou que o banco está sólido e não enfrenta problemas com o que chamou de "derivativos tóxicos". Ele disse que os R$ 4,2 bilhões da venda serão reinvestidos no próprio banco, e não destinados para o braço industrial do grupo.

Ranking

O negócio marca a entrada dos bancos públicos na corrida por aquisições, dessa vez no setor privado. Até então, o BB só havia comprado banco público.

Mesmo com a compra da metade do Votorantim, o BB ainda está longe de voltar a ser o líder do sistema financeiro do país, posição perdida após a fusão entre Itaú e Unibanco. Após a compra ser concluída, o BB somará ativo total de R$ 553 bilhões, R$ 22 bilhões abaixo do Itaú/Unibanco.

Lima Neto confirmou que está negociando a compra do BRB (Banco de Brasília), que tem ativo total de R$ 5,3 bilhões. Ou seja, mesmo com mais essa aquisição, o BB não voltará a ser o maior banco brasileiro, uma ambição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva desde que o Itaú e o Unibanco criaram a maior instituição financeira da América Latina, em novembro.

Diante da impossibilidade de recuperar no curto prazo a posição perdida, Lima Neto negou que o banco esteja na corrida pelo primeiro lugar no ranking dos maiores bancos. "Não estamos em busca da liderança desenfreada. A MP 443 possibilita [ao BB] continuar olhando as possibilidades", disse.

A medida provisória 443 abriu espaço para o BB comprar instituições financeiras, o que era proibido.





Fonte: Folha de S.Paulo

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