Lula foi complacente com a crise global, afirma o jornal
Segundo o diário britânico, a crise está frustrando o otimismo que existia no continente até poucos meses atrás de que conseguiria escapar do pior.
Em artigo intitulado "Going South" ("Piorando", em tradução livre), o jornal, especializado em finanças, lembra que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse em setembro que a crise era do presidente americano George W. Bush.
"(Mas) agora ela é de Lula da Silva", afirma. E o FT diz que "a produção industrial do país caiu 6,2% no ano até novembro, segundo números anunciados nesta semana - a queda mais acentuada da produção desde dezembro de 2001".
"O líder brasileiro não estava sozinho em sua complacência", ao acreditar que a turbulência não atingiria o seu paísl, disse o jornal. "Por todo o continente a crise provocou uma destruição de riqueza em grande escala."
'Duras lições'
"As duras lições das crises financeiras anteriores encorajaram cautela entre os formuladores de políticas latino-americanos", disse o Financial Times.
"Muitos governos coibiram empréstimos no exterior tanto pelo setor público quanto privado. Eles mantiveram suas dívidas baixas, deixaram o câmbio flutuar para evitar crises de desvalorização e formaram grandes reservas de moeda estrangeira. Eles vigiaram seus bancos como falcões, o que ajudou a assegurar que permanecessem em grande parte livres das dívidas tóxicas americanas."
Isso é o que fez com que economistas e autoridades governamentais vissem a região "como melhor posicionada do que em qualquer outro momento em cinco décadas para suportar um duro golpe."
"Mas o pior choque global em três quartos de século expôs a fraqueza mascarada pelos números agregados."
Uma dessas "fraquezas no Brasil e no México", diz o FT, "foi uma série de contratos falhos de derivativos que as empresas assumiram juntamente com um grupo de bancos de investimento."
"Isso as deixou desesperadas em busca de dólares, colocando o real brasileiro e o peso mexicano em queda acentuada em outubro."
Excluídos
O artigo afirma ainda que a crise ainda deverá chegar aos "países até aqui não afetados pela crise de crédito". "São aqueles que, em grande parte, já estavam excluídos do mercado financeiro internacional", afirmou o jornal, que inclui neste grupo Equador, Venezuela e Argentina.
"Esses governos gastaram livremente durante o boom das commodities (...) Diferentemente do Chile e um ou dois outros, seus governos têm pouco guardado para momentos difíceis."
O FT aponta o Chile como o país em melhor posição para enfrentar a crise, dizendo que "ele vem obtendo superávites fiscais equivalentes a 6% - 7% do PIB (Produto Interno Bruto) nos últimos três anos e agora tem espaço para aumentar os gastos públicos".
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