Presidente morre e militares assumem o poder na Guiné
O Exército da Guiné anunciou a dissolução do governo e a suspensão da Constituição do país, poucas horas depois da morte do presidente Lansana Conte, nesta terça-feira.
Em um comunicado transmitido pela rádio estatal, o capitão Moussa Dadis Camara anunciou que "um conselho consultivo" formado por líderes civis e militares assumiria o governo.
As instituições estatais são "incapazes de resolver as crises que vêm confrontando o país", disse o militar.
Conte, que morreu aos 74 anos, comandou o país na África Ocidental com mão de ferro desde 1984.
As circunstâncias da morte de Conte ainda não são conhecidas. Sabe-se que ele sofria de diabetes.
O primeiro-ministro da Guiné, Ahmed Souare, fez, em rede nacional de TV, um apelo por calma à população e declarou 40 dias de luto nacional.
'Desespero profundo'
Apenas horas depois de o porta-voz do Parlamento ter anunciado a morte de Conte, o capitão Camara foi à rádio estatal avisar que o Exército havia assumido o poder e anunciar a criação de um orgão chamado Conselho Nacional para o Desenvolvimento e Democracia.
"A partir de hoje, a Constituição fica suspensa, bem como as atividades políticas e sindicais", disse ele.
"O governo e as instituições da república foram dissolvidas."
O capitão Camara afirmou que o país está em estado de "profundo desespero" e que é vital que algo seja feito para melhorar a economia e combater a corrupção.
Ele acrescentou ainda que um militar assumiria a presidência e um civil seria o novo primeiro-ministro de um novo e etnicamente equilibrado governo.
O correspondente da BBC Alhassan Sillah na capital, Conacri, disse que não há sinais de tropas nas ruas.
"Onde estou está mais quieto do que o normal, a não ser pelo barulho dos veículos que passam nas ruas e são poucos", disse ele ao programa Network Africa, da BBC.
"Não vi nenhuma criança de uniforme de escola e também não vi nenhuma das mulheres que, a esta hora, estariam indo ao mercado."
Mais cedo, o líder da União para o Progresso da Guiné e o secretário da aliança da oposição, Frad, Jean-Marie Dore, pediram uma transição pacífica de poder.
"A coisa mais importante hoje é que as instituições do país possam trabalhar para evitar desordem desnecessária na Guiné, o que traria piora na situação já difícil", disse Dore à Radio France Internationale.
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