Overdose de cocaína eleva batimento cardíaco e pressão arterial
A overdose de cocaína, possível causa da morte do ex-marido da atriz Susana Vieira, afeta o funcionamento do coração e a pressão arterial. O ex-policial militar Marcelo Silva, 38, usou a droga antes de ser encontrado morto na manhã de hoje, de acordo com a polícia.
A substância causa produção excessiva de um neurotransmissor chamado noradrenalina, que aumenta a freqüência cardíaca e respiratória. A noradrenalina é um dos neurotransmissores de "fuga", que são liberados mais intensamente quando sentimos medo ou que estamos em perigo, causando reações como elevação do ritmo cardíaco, dilatação dos brônquios e da pupila e aumento da pressão sangüínea.
"Se a pressão arterial subir demais, você pode ter um derrame. Quando há uma descarga excessiva no coração, o órgão começa a bater de forma anômala, em arritmia", diz Dartiu Xavier da Silveira, diretor do Proad (Programa de Orientação e Atendimento a Dependentes da Unifesp - Universidade Federal de São Paulo). O médico afirma ainda que é comum ainda a ocorrência de infarto.
No caso de uso crônico do entorpecente, o cérebro é o órgão mais agredido, porém de maneira gradual. "Quando a cocaína é usada cronicamente, o sistema vascular vai se adaptando", afirma Silveira.
A overdose de cocaína não está relacionada necessariamente à quantidade de droga consumida. Devem ser levados em conta aspectos como peso e altura do usuário, pureza da substância e a sensibilidade individual, o que torna praticamente impossível a previsão da quantidade "adequada" de entorpecente.
"Há casos em que o indivíduo administra uma dose baixa e atinge complicação cardíaca séria", diz o psiquiatra Danilo Antonio Baltieri, coordenador do GREA (Grupo Interdisciplinar de Estudos de Álcool e Drogas da USP - Universidade de São Paulo).
"Um caso comum é de dependentes que param de usar, voltam e daí erram na mão. Eles estão desacostumados, mas já voltam com a mesma dose de antigamente. Isso provoca uma sobrecarga no coração", afirma Baltieri.
Nos casos em que há ingestão excessiva de cocaína, o usuário pode sofrer com sentimento de perseguição, como aconteceu com Marcelo Silva, segundo testemunhas que viram sua crise. "Ele tem delírios de perseguição, a idéia de que alguém vai pegá-lo. É o que as pessoas que usam chamam de 'nóia'", afirma Silveira. De acordo com ele, o fenômeno é variável entre os indivíduos e não ocorre apenas quando há overdose.
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