Lula mandou BB e Caixa reduzirem juros, diz Dilma
A ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) disse nesta quinta-feira que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva determinou que os bancos públicos revisem os juros cobrados nos empréstimos para seus clientes.
"O presidente Lula está extremamente preocupado com os juros cobrados na ponta. E determinou ao BB [Banco do Brasil] e à Caixa [Econômica Federal] que façam a revisão do que estão cobrando acima da [taxa] Selic", disse a ministra, durante comemoração de 90 anos de fundação da Farmanguinhos (Instituto de Tecnologia em Fármacos da Fiocruz).
O Copom (Comitê de Política Monetária) decidiu ontem à noite manter a taxa básica de juros, a Selic, em 13,75% ao ano, contra a opinião do presidente Lula e de muitos integrantes do governo.
Dilma informou que Lula pediu aos bancos que adotem políticas de juros seguindo razões técnicas, e não políticas. Segundo ela, não houve aumento do custo de captação de dinheiro em relação ao que era verificado antes do agravamento da crise financeira internacional.
"Querer obter maior lucratividade em cima da retração da economia não é correto. É uma questão de responsabilidade", afirma ela.
A ministra não confirmou que o governo vai reduzir alíquotas do imposto de renda para pessoa física, mas admitiu que estão sendo avaliadas medidas de redução tributária, inclusive relativas ao IR.
Pacote
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva está reunido com 29 empresários e os ministros Guido Mantega (Fazenda), Paulo Bernardo (Planejamento), Miguel Jorge (Desenvolvimento) e o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles.
Lula deve anunciar ainda nesta tarde um pacote com estímulos fiscais da ordem de R$ 10 bilhões numa tentativa de amenizar os efeitos da crise financeira internacional sobre a economia brasileira.
Conforme adiantou o ministro Paulo Bernardo (Planejamento), a intenção do pacote é "minimizar os efeitos da crise com foco nas pessoas, no emprego e na renda".
Para garantir mais renda aos trabalhadores, está prevista a reformulação da tabela do Imposto de Renda para as pessoas físicas (IRPF), o barateamento do crédito reduzindo o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) e a garantia de caixa para as empresas continuarem a produzir e não realizarem demissões em massa. Para isso, a idéia do governo é reduzir o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), sobretudo às montadoras.
Ainda conforme publicou a Folha, no caso da tabela do IRPF, foram feitas várias simulações, e a proposta que tinha maior consenso na equipe econômica previa a criação de, pelo menos, duas faixas intermediárias. A alíquota máxima de 27,5% seria mantida, assim como a faixa de isenção, e seriam estabelecidos novos valores: um abaixo de 15% e outro de 15% a 27,5%.
Já a proposta para o IOF é reduzir dos atuais 3% para cerca de 1,5% no crédito a pessoas físicas. Essa alíquota vigorava em 2007, antes de o governo aumentar a tributação após o fim da CPMF. A estimativa é que a medida reduza a arrecadação em aproximadamente R$ 3 bilhões.
Outra medida que deverá ser adotada é a redução do IPI para ajudar, sobretudo as montadoras. Nos dez primeiros meses deste ano, o governo arrecadou R$ 33,4 bilhões com o IPI, 14% a mais do que os R$ 29,3 bilhões de 2007.
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