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Quarta - 10 de Dezembro de 2008 às 15:19
Por: Aline Marques

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Abandono é a palavra que descreve o município de Colniza (1.160 km de Cuiabá). A população não tem saneamento básico, a saúde é precária, o índice de analfabetismo é alto e a grande maioria mal consegue escrever o nome, asfalto é raro e a lei que rege na cidade ainda é: “olho por olho, dente por dente”. Não é à tôa que a cidade está entre as mais violentas do país. No ano de 2004, a cidade registrou 165,3 mortes por grupo de 100 mil habitantes, o que a colocou como a cidade mais violenta do país.

Só neste mês de dezembro já foram cinco homicídios. O efetivo da Polícia Militar é de três homens por turno, totalizando nove policiais e três viaturas para uma cidade de 27 mil habitantes, de acordo com dados do IBGE de 2007. A maioria dos casos de homicídios ocorre nas zonas rurais distantes do centro da cidade e em regiões de difícil acesso.

Outro problema é que a rejeição da população pela polícia. Os moradores conidenses enxergam a instituição como uma ameaça, algo que incomoda. Apesar de às vezes ajudar até com transporte de doentes, já que a ambulância nem sempre está à disposição.

Em época de chuva é comum aumentar o número de pacientes no hospital. Isso porque a cidade não tem asfalto e nem saneamento. Quando chove a água fica acumulada e ainda se mistura com o esgoto que corre a céu aberto, causando doenças epidêmicas.

A sociedade de Colniza sofre ainda com a falta de cultura e educação. As escolas são precárias e poucas pessoas freqüentam, já que muitos vão trabalhar nas fazendas. A maioria só sabe assinar o nome. Sendo assim, é cada vez mais difícil realizar um trabalho preventivo, já que sem educação, as pessoas não entendem a ação preventiva que a polícia tenta realizar. Quase toda família possui uma arma, já que são constantes os conflitos e os policias não conseguem controlar a situação, também devido a precariedade da estrutura da polícia.

Na última sexta-feira (5), três pessoas foram assassinadas e outra ficou ferida devido à disputa de terras e madeira na região, na qual morreram dois funcionários da fazenda Bauru, Joanes de Oliveira Nunes, 36 anos, conhecido como ‘Cacique’, e Fabrício Teodoro de Souza, além do topógrafo contratado para fazer medição e demarcação de áreas da propriedade, Paulo Gilberto Gobitti, de 53 anos.

A propriedade é cobiçada pela grande quantidade de Ipês, madeira com alto preço de comercialização. Na segunda-feira (8), 15 trabalhadores foram resgatados pela Polícia Militar na fazenda onde ocorreu a chacina.

A polícia suspeita que a emboscada tenha sido armada por assentados. Isso porque em novembro do ano passado mais de 100 famílias haviam sido retiradas da propriedade. Só que o dono da fazenda cedeu 5 mil hectares de terra para montar o assentamento para essas pessoas. No entanto, a disputa agora é pela exploração da madeira e o clima é tenso na cidade.

Histórico

A cidade de Colniza começou o processo de povoamento na década de 80, quando o governo Federal lançou a campanha para retirar os sem terras da região Sul e levar para terras produtivas e povoar o centro do país.

A princípio a economia era baseada nos garimpos, só que quando o ouro acabou a cidade caiu no esquecimento, restando apenas 23 famílias. Foi então que aviões do Exército levaram famílias sulistas para região e um novo fluxo migratório ocorreu em 1994 com famílias de Rondônia. No entanto, a reforma agrária não foi realizada e a cidade foi crescendo através da exploração de terras e surgimento de assentamentos. Por isso são constantes os conflitos até hoje.

A emancipação ocorreu em 1998, através de Lei Estadual nº 7.604, de autoria do deputado Pedro Satélite.





Fonte: Olhar Direto

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