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Economia
Quarta - 03 de Dezembro de 2008 às 10:41

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Antes mesmo do agravamento da crise internacional, o lucro dos bancos que operam no Brasil encolheu no terceiro trimestre deste ano, na comparação com o trimestre imediatamente anterior. Pressionados pelos maiores custos impostos pela alta da taxa Selic, os ganhos apurados pelas instituições financeiras recuaram 26% nesse período.

Os números constam de levantamento feito pelo Banco Central a partir das demonstrações financeiras fechadas pelos 101 bancos comerciais que atuam no país. Mas isso não significa que o setor bancário como um todo esteja enfrentando grandes dificuldades, já que o lucro acumulado entre julho e setembro ainda é expressivo: somou R$ 9,8 bilhões, levando o resultado dos primeiros nove meses do ano para R$ 35,4 bilhões, com alta de 12% em relação ao mesmo período de 2007.

O que os números indicam é que no terceiro trimestre já se observavam casos --alguns mais graves que outros-- de instituições financeiras que enfrentavam dificuldades para equilibrar suas contas depois que o BC retomou seu processo de alta dos juros. E, quando a crise se intensificou, no final de setembro, esses problemas se agravaram ainda mais.

Entre os dez maiores bancos do país, por exemplo, a redução no lucro no terceiro trimestre foi de 13%. Já entre as instituições que estão entre a 11ª e a 40ª posições da lista do BC, a queda foi de 58%.

Foi em abril que o Copom (Comitê de Política Monetária do BC) começou a elevar a taxa Selic, o que não ocorria desde 2005. Os juros, que estavam em 11,25% ao ano, chegaram a 13,75% em setembro --nível em que se encontram até hoje.

A alta levou ao aumento no custo de captação dos bancos. No terceiro trimestre, as instituições que operam no país gastaram R$ 47,5 bilhões para conseguir recursos no mercado financeiro, valor 44% maior do que no trimestre anterior.

Essas despesas estão atreladas a operações feitas pelos bancos para captar dinheiro. Bancos maiores têm mais facilidade para obter dinheiro com clientes, por meio de depósitos em conta corrente, por exemplo. Mas instituições menores são mais dependentes de lançamentos de CDBs e de empréstimos oferecidos por outros bancos, que ficaram mais caros com o aperto feito pelo BC.

Em tese, esse custo maior pode ser compensado com juros mais altos nos empréstimos e com a negociação de títulos públicos, que ficam mais rentáveis com a Selic mais alta.

A cobrança de tarifas, item que normalmente ajudaria a reforçar o lucro dos bancos, registrou queda no terceiro trimestre. Entre julho e setembro, a receita obtida pelas instituições com a prestação de serviços totalizou R$ 13,7 bilhões, 4,7% menos do que o valor apurado entre abril e junho.

O recuo no faturamento com tarifas pode ser explicado por dois fatores. Nas operações com pessoas físicas, regras mais rígidas para esse tipo de cobrança impostas pelo governo em abril podem estar limitando os ganhos dos bancos.

Já entre as empresas, a queda nas Bolsas e o maior nervosismo dos investidores entre agosto e setembro fizeram algumas companhias adiarem seus planos de lançar ações ou de emitir títulos no mercado internacional, o que reduz os ganhos com a cobrança de comissões por parte dos bancos.





Fonte: Folha Online

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