Parar de fumar reduz antecipação da menopausa, mostra estudo
Um novo estudo de pesquisadores da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), publicado neste mês na "Maturitas", revista da Sociedade Européia de Menopausa e Andropausa, traz uma boa notícia para mulheres fumantes que se aproximam da menopausa.
A pesquisa de Raphael Câmara Parente, Eduardo Faerstein, Roger Keller Celeste e Guilherme L. Werneck revela que, se a mulher parar de fumar antes de chegar à menopausa, o efeito negativo do fumo --de antecipar a interrupção do fluxo menstrual-- é irrisório, mesmo que tenha fumado por anos.
A redução da idade da menopausa, que tem como principal causa o fumo, eleva a incidência de doenças cardiovasculares e de osteoporose -antes dos 50, a menopausa aumenta em 38% o risco de problemas do coração e vasculares. E o fumo pode antecipar a menopausa em um a dois anos. A cada ano que o fim da menstruação é adiado, cai em 2% a mortalidade por doenças cardiovasculares.
A novidade positiva sugerida pela análise é que o efeito biológico do fumo nos folículos dos ovários não é irreversível. Portanto, se a mulher parar de fumar antes da menopausa, não a antecipa, o que reduz os riscos de doenças graves ao mesmo tempo que em melhora, em tese, sua qualidade de vida.
A informação é relevante porque muitas fumantes acreditam não fazer diferença parar de fumar. "O trabalho mostra que qualquer momento antes da menopausa é bom para parar de fumar", explica Parente, ginecologista e um dos autores da pesquisa.
Segundo Faerstein, professor-adjunto do Departamento de Epidemiologia do Instituto de Medicina Social da Uerj, as constatações do estudo são mais relevantes na medida em que aumenta a longevidade das populações e que mulheres passam a viver, em média, mais de 20 anos após a menopausa.
"A antecipação da menopausa está associada a uma série de problemas. Se o fumo tem papel nessa antecipação, mais uma razão para mulheres cessarem o tabagismo e outras não o iniciarem", diz Faerstein.
A cada ano, cerca de 47 milhões de mulheres no mundo entram na menopausa, que chega para brasileiras, em média, entre 49 e 50 anos. A menopausa natural é um diagnóstico retrospectivo, dado após a mulher permanecer 12 meses ininterruptos sem menstruações.
Outro fator verificado pelos autores é que, se a fumante interromper o hábito antes da menopausa, o número de anos de fumo e a quantidade de cigarros consumidos não têm tanto impacto no fenômeno.
Para chegar a essas conclusões, os pesquisadores revisaram mais de cem estudos.
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