Expedição indígena flagra invasão de reserva em Mato Grosso
A Brigada Indígena de Incêndio Florestal da Terra Indígena Capoto-Jarina se lançou numa expedição de dois dias de viagem de barco e quatro de marcha na floresta para o lado leste da reserva, situada na região do Xingu, em Mato Grosso, e verificou que fazendeiros estão invadindo a reserva com pastagens.
Participaram da ação os 30 homens da brigada – a primeira de combate a incêndios florestais formadas por indígenas -, além de outros cinco guerreiros caiapós. "Antes não sabíamos mexer com GPS. Demoramos 500 anos para ver que o branco está roubando nossa terra", lamenta Kiabieti Metupire, indígena que acompanhou o grupo e registrou a expedição em fotos. O problema deverá ser resolvido na Justiça, segundo Kiabieti: "Estamos conversando com o cacique para preparar um documento e encaminhar ao juiz".
"Notamos que a maioria dos vértices (marcos geográficos) estava fora de posição e sempre para dentro do limite original da terra indígena", denuncia o major bombeiro Alessandro Mariano, que coordena o treinamento dos indígenas no combate a queimadas e participou da expedição.
"Há pontos em que essa diferença se aproxima a quase um quilômetro. Cercas estão sendo retiradas de um ponto e colocadas em outro, enquanto o desmatamento e a pastagem avançam em direção à unidade de conservação", completa.
"Encontramos muita área queimada no limite leste da terra. O fogo, colocado por fazendeiros do município de São José do Xingu, se alastrou de maneira irresponsável e adentrou a reserva indígena em diversos pontos", reclama o major.
A brigada é a primeira do país formada por indígenas e, em setembro, foi recebida pelo ministro Carlos Minc, do Meio Ambiente, para anunciar que conseguiu reduzir em 80% os focos de queimadas em sua terra. Foi também na Terra Indígena Capoto-Jarina que caiu o Boeing 737-800 da Gol, em setembro de 2006.
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