Suspeito de matar milionário da Mega-Sena se diz vítima de calúnia
O aposentado Dorgival Bezerra de Oliveira, 53 anos, conhecido como Chaveiro, disse que pode processar quem afirmar que foi ele que matou o ganhador da Mega-Sena Altair Aparecido dos Santos, 43 anos, na noite de domingo em sua chácara em Limeira, após um churrasco. Oliveira havia sido apontado pela viúva como o autor de ameaças contra seu marido, mas disse que, na hora do crime, passeava com a família no centro da cidade.
Santos e outras pessoas acertaram juntas as dezenas da Mega-Sena e ganharam o prêmio de cerca de R$ 16 milhões. Cada apostador teria embolsado aproximadamente R$ 1 milhão. O aposentado e o motorista Igor Vieira Camargo, 27 anos, ficaram de fora da partilha porque não pagaram suas partes na aposta antes do sorteio.
"Eu não teria coragem de fazer qualquer mal a ele", afirmou o aposentado, que procurou espontaneamente o plantão policial quando soube da morte de Santos.
Ele foi ouvido e dispensado pelo delegado titular da Delegacia de Investigações Gerais (DIG), João Batista Vasconcelos, que não viu indícios para fazer uma autuação. Em depoimento, o aposentado alegou que, na noite do crime, havia saído para tomar um lanche com a família.
"É claro que eu andava chateado, todo mundo fazendo chacota, que não fiquei com minha parte na Mega-Sena", afirmou. "Agora, ir lá e dar um tiro é uma calúnia", afirmou.
Em conversa com investigadores na noite da morte do marido, a viúva Maria Isabel Cano teria apontado Chaveiro como autor de ameaças. "Ela ainda não foi ouvida formalmente, mas apontou Dorgival, que estaria comentando que 'Limeira está ficando pequena para nós dois'" contou o investigador da DIG Valmir Silva. "Ela poderia ter feito um boletim de ocorrência".
O aposentado disse que apenas comentou a frase com várias pessoas. "Eu ficava imaginando o meu dinheiro sendo gasto em churrasco, em festa, em viagem e eu chupando o dedo, não é justo."
Segundo ele, depois de ameaçar entrar na Justiça para reaver sua parte no prêmio, alguns membros do grupo o ajudaram e ele ficou com R$ 270 mil. "Se fosse dividido certinho, dava um milhão e pouquinho para cada um."
Segundo Chaveiro, Camargo, que também ficou de fora da premiação, teria assinado um acordo e recebido R$ 500 mil do grupo. Procurado por telefone, uma mulher disse que ele estaria no trabalho. "Ele está muito chocado com isso tudo e só vai falar se a polícia chamar", comentou a mulher, que não se identificou.
O investigador Valmir Silva disse que a polícia trabalha em duas frentes: morte por tentativa de roubo, apesar de nada ter sido levado da chácara, e vingança. O delegado Vasconcelos deve ouvir os depoimentos das pessoas que estavam na casa na noite do crime.
"Estamos recebendo muitas denúncias e, depois de filtrá-las, vamos atrás de pistas. A família está muito abalada e sabemos que será difícil esclarecer algo consistente em clima de muita comoção", comentou.
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