Musculação diminui o risco de diabetes em idoso
Pesquisa revela que atividade física pode ajudar a combater a doença.
O que fazer depois dos 60 anos para preencher o tempo livre da aposentadoria? Musculação. Entre levar uma vida sedentária trancafiado dentro de casa ou freqüentar uma academia é melhor seguir a segunda opção. Pode parecer um passatempo voltado aos jovens, mas um estudo realizado por pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) mostrou que o exercício físico com pesos reduz os riscos dos idosos desenvolverem o diabetes não hereditário.
A pesquisa orientada pela professora Mara Patrícia Traina Chacon Mikahil, da Faculdade de Educação Física (FEF) da Unicamp, submeteu dez homens acima de 60 anos -- sedentários e saudáveis -- ao treinamento com pesos durante 16 semanas. O resultado foi comparado com um outro grupo formando por oito idosos. Foram avaliados os efeitos dos exercícios sobre a resistência à insulina (RI) -- hormônio responsável pela redução da taxa de glicose no sangue --, composição corporal e força muscular.
O grupo que se exercitou apresentou o índice de Homeostasis Model Assesment (Homa), que mede o fator de RI, abaixo de 2,71. Em idosos, o número acima desse valor significa que possui potencial para desenvolver o diabetes mellitus tipo 2. Os exercícios físicos não diminuem esse fator, mas o aumento da força muscular significa menor risco no desenvolvimento da doença. Principalmente, porque a gordura corporal relativa do corpo diminui.
Denise Reis Franco, endocrinologista e coordenadora de educação em diabetes da Associação de Diabetes Juvenil (ADJ) explica que no idoso a doença é silenciosa. “Ele se sente cansado, desanimado e deprimido e acredita que isso não é nada”, conta. “Quando vai realizar um exame de rotina ou apresenta alguma complicação como um infarto, acaba descobrindo o diabetes”, diz.
A maioria dos adultos desenvolve a doença por volta dos 40 anos. A partir dessa idade, é comum ela estar associada a outras doenças como hipertensão. A diabete pode causar doenças cardiovasculares, insuficiência renal e até cegueira. “Depois dessa complicação da doença, só basta tratar”, diz Denise.
Segundo relatório do Sistema Único de Saúde (SUS), de 2005, a hipertensão arterial e o diabetes mellitus são doenças de alta prevalência. Entre as cardiovasculares, o derrame ou Acidente Vascular Cerebral (AVC) e a doença coronariana aguda são responsáveis por 65% dos óbitos na população adulta. A partir dos 60 anos, as pessoas apresentam uma somatória de doenças. “O idoso deve relatar isso ao médico, pois as medicações podem interagir”, explica.
Para viver melhor
O último Censo de Diabetes foi realizado em 1988 pelo Ministério da Saúde. Mostrou uma prevalência de 7,6% de diabetes na população brasileira de 30 a 69 anos. Destes, cerca de 50% não sabiam que tinham a doença. De acordo com a Sociedade Brasileira de Diabetes, o número de diabéticos e pré-diabéticos está aumentando devido ao crescimento e envelhecimento populacional, maior urbanização, crescente prevalência de obesidade, sedentarismo e maior sobrevida do paciente.
“Por isso o idoso não deve ficar em casa levando uma vida sedentária”, diz Fernanda Castelo Branco, nutricionista. É indicada a atividade física, independente da idade. O principal cuidado deve ser com a adaptação do exercício à condição física. “A visão e o músculo do idoso fica mais lento, por isso é importante acompanhamento na hora dos exercícios”, afirma Fernanda. “Caminhar nas nossas calçadas, por exemplo, pode ser um perigo. Ele pode cair e piorar sua condição física”, alerta.
O que é pré-diabetes
Trata-se de uma condição clínica em que o paciente apresenta níveis elevados de glicose -- açúcar -- no sangue, mas inferior para obter o diagnóstico de diabetes do tipo 2. Porém quem possui o pré-diabetes apresenta 34% mais chance de falecer devido a um problema cardiovascular ou derrame cerebral.
Diferença entre tipos 1 e 2
O diabetes tipo 1 é uma doença auto-imune, genética, que pode aparecer até na idade adulta. O tipo 2 pode ser “adquirido”. Quem pode identificar a diferença é um médico. “Geralmente, quem possui o tipo 1 não produz nada de insulina”, diz Fernanda. A doença tipo 2 pode ser evitada.
Como evitar
Fatores de risco que podem colaborar com o desenvolvimento da doença: parentes com diabetes; comer muita gordura, doces ou manter uma má-alimentação de alta caloria; hipertensão; sedentarismo.
As dicas de prevenção são: evitar o sedentarismo e ganho de peso; comer de cinco a seis vezes ao dia, de três em três horas; manter uma alimentação equilibrada, pode comer doces, só deve evitar o exagero; se alimentar com frutas, verduras e legumes; ingerir fibra para melhorar a digestão, como cereais integrais, frutas in natura e hortaliças cruas; beber água; diminuir o consumo de gordura e álcool; fazer exames de prevenção anualmente.
Atenção: “O idoso é mais lento, gasta menos energia e possui digestão mais devagar. Assim, os alimentos escolhidos devem ser de fácil mastigação e fracionado ao longo do dia”, diz Fernanda.
Sinais de alerta: diminuição brusca de peso, inchaço nas pernas, obesidade ou sobrepeso, urinar muito, sentir sede demais, ter dores no corpo e fome extrema.
Por que hoje?
Em 1991, o Dia Mundial do Diabetes foi criado pela Federação Internacional de Diabetes (IDF) e pela Organização Mundial da Saúde (OMS) devido ao aumento do interesse sobre a doença. Inclusive, no dia 14 de novembro, nasceu Frederick Bantin. O pesquisador canadense e seu colega Charles Best descobriram a insulina em 1921. (Fonte: Sociedade Brasileira de Diabetes).
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