Pesquisa aponta custo de US$ 53 mi para se eleger um prefeito
O custo médio de uma campanha para prefeito nas últimas eleições foi de US$ 14 por voto e para vereador, US$ 8 por voto, segundo levantamento da Associação Brasileira de Consultores Políticos (Abcop), que reúne profissionais que trabalham em campanhas eleitorais. Considerando esses valores, o custo da campanha do prefeito reeleito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), seria de US$ 53 milhões (R$ 116,6 milhões), multiplicando-se os US$ 14 pelos 3.790.558 votos que ele obteve no segundo turno. Ainda seguindo esse cálculo, Marta Suplicy, candidata do PT, teria gasto US$ 34,3 milhões (R$ 75,5 milhões, equivalente a 2.452.527 votos). São Paulo é o maior colégio eleitoral do País, com 8,2 milhões de eleitores e, portanto, é onde se concentrariam os maiores gastos de campanha.
O levantamento foi feito com dados de 80 consultores da Abcop, explica o presidente da associação Carlos Manhanelli, e considerou uma campanha "partindo do zero", ou seja, sem nenhum tipo de estrutura partidária: "Era o jeito de calcular. Os gastos vão desde a faxineira e o escritório até o estrategista. Tudo mesmo". Por isso, segundo ele, há diferença entre os valores calculados acima e a previsão de limite de gastos informada pelos candidatos ao Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP) antes do início da campanha. Kassab informou limite de gastos de R$ 30 milhões e Marta, R$ 25 milhões.
"Mas numa eleição, os prefeitos, por exemplo, já contam com uma máquina para trabalhar e esse custo é reduzido. Também têm a estrutura a partidária, o diretório do partido, os voluntários etc.", explica Manhanelli, que também dá aulas de marketing político na Universidade de Salamanca, na Espanha, e foi responsável por 13 campanhas eleitorais este ano. Ele só não conta quais. "Quem tem que brilhar é o candidato", justifica. Ainda sobre as campanhas, o consultor política explica que o Brasil exporta sua expertise na área e realiza campanhas eleitorais em países da América Latina (Argentina, Equador, Bolívia) e África (Angola e Congo).
O marco da influência do marketing político nas campanhas é 1989, data da primeira eleição à Presidência da República após o fim do período militar, na disputa entre Fernando Collor de Mello e Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência da República, diz o consultor político e professor da USP, Gaudêncio Torquato. "O marketing político usa técnicas que procuram maximizar potenciais e minimizar pontos fracos do candidato", afirma. Torquato explica que o trabalho se baseia em cinco eixos: pesquisa (quantitativa e qualitativa); construção do discurso (propostas e promessas) com base na pesquisa; plano de comunicação com uso de várias mídias; articulação com a sociedade organizada (ONGs, por exemplo); e mobilização das massas (carreatas, comícios, caminhadas etc.).
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