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Economia
Quinta - 06 de Novembro de 2008 às 16:59

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A venda de automóveis sofreu uma queda expressiva em outubro que foi puxada, principalmente, pela redução no comércio de veículos com motor 1.0, os chamados populares. A participação dos carros mil caiu a 47,2% dos negócios, a mais baixa desde 1994. A média no ano é de 51,1%.

O presidente da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), Jackson Schneider, afirmou que a queda é reflexo da falta de crédito, fundamental para o acesso da baixa renda ao carro novo. "Quem mais sentiu a restrição de crédito de outubro foi a baixa renda. O crédito é importante para esse segmento", afirmou.

Os carros de 1.000 cilindradas nunca ficaram abaixo de 50% de participação das vendas desde 1994, quando essa categoria ainda se aquecia no mercado e alcançava 45,9%. Foi neste ano que o governo derrubou de 14% para 0,1% o IPI (Imposto de Produtos Industrializados) dos populares.

A partir daí, a participação só cresceu até atingir 74,6% em 2001, com os carros populares favorecidos pela baixa tributação.

Desde 2002, a fatia passou a encolher e, em 2004, o IPI dos veículos de até 1.000 cilindradas subiu a 9%, o que inibiu ainda mais as vendas dessa modalidade, que fechou com participação de 56,4% no ano passado.

Em outubro deste ano, os automóveis com motor 1.0 somaram 85.522 unidades, queda de 19,5% na comparação com setembro e de 12,6% em relação a outubro de 2007. Os veículos de 1.000 a 2.000 cilindradas somaram 92.792 em outubro, queda de 6,1% e de 1%, na mesma comparação. Os modelos com motorização acima de 2.000 cilindradas ficaram em 2.723 em outubro, queda de 10,5% e 9,6%.

A venda de automóveis caiu 2,1% em relação a outubro do ano passado e 11% em relação a setembro deste ano, maior queda entre meses desde 2003.

As montadoras culpam a falta de crédito pela redução das vendas de outubro, mas esperam uma regularização a partir deste mês, principalmente após notícia do Banco do Brasil que vai irrigar o crédito do setor com R$ 4 bilhões.

O presidente do Banco do Brasil, Antônio Francisco de Lima Neto, afirmou que só nesta semana já vai liberar R$ 1 bilhão. "Como as montadora têm uma fonte de captação importante no crédito interbancário, quando ele secou, eles tiveram que reduzir os prazos de financiamentos. Com a volta do interbancário, é natural que se volte a ter uma melhor acomodação dos prazos", avaliou.

Como a falta de crédito, os financiamentos também encolheram na comparação com os meses anteriores. As compras a prazo representaram 59% dos negócios em outubro deste ano e, as feitas à vista somaram 41%. No mesmo período do ano passado, as fatias eram de 65% e 35%, respectivamente.

Medidas

O ministro Guido Mantega (Fazenda) anunciou nesta quinta-feira, durante reunião do chamado Conselhão (o CDES, Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social), uma série de novas medidas que, juntas, disponibilizam R$ 19 bilhões em linhas de crédito para diversos setores via BNDES (banco estatal de investimento) e Banco do Brasil.

A retração do crédito é o principal efeito da crise financeira no Brasil. O ministro confirmou ainda o adiamento no prazo de pagamento de alguns tributos para elevar o capital de giro do setor produtivo.

Durante seu discurso, Mantega avaliou ainda que, desde o fim de outubro, os mercados mundiais entraram no que ele chamou de momento de "calmaria". "A boa notícia é que o pior da crise está passando e já há sinais de arrefecimento."

O anúncio com valor mais alto refere-se ao BNDES, que terá mais R$ 10 bilhões para financiar o capital de giro de empresas e para empréstimos em linhas de exportação pré-embarque --ou seja, os valores serão usados para permitir as vendas externas. Em outubro, o governo já tinha liberado R$ 5 bilhões.

Outros R$ 5 bilhões, provenientes do BB (Banco do Brasil), serão usados para abrir uma linha de crédito para capital de giro de pequenas e médias empresas.

Veja a participação dos veículos 1.0 nas vendas:

Ano - - Participação (em %)

1990 - 4,3

1991 - 11,5

1992 - 16,0

1993 - 28,4

1994 - 45,9

1995 - 53,8

1996 - 56,3

1997 - 64,1

1998 - 72,7

1999 - 67,4

2000 - 70,1

2001 - 74,6

2002 - 68,9

2003 - 64,7

2004 - 58,7

2005 - 56,6

2006 - 58,7

2007 - 56,4

2008 - 51,1 (média, até outubro)





Fonte: Folha Online

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