Faria tudo de novo, diz Nayara sobre seqüestro
Mesmo atingida por um tiro que atravessou sua mão direita e se instalou em seu rosto, Nayara disse não se arrepender em ter voltado ao apartamento. "Faria tudo de novo. Faria por ela". A adolescente também lembrou os motivos que a fizeram voltar ao apartamento. "Eu sempre me lembro do sorriso da Eloá. Era aquele sorriso o dia todo", completou.
Como já havia afirmado durante entrevista ao programa Fantástico, também da Rede Globo, a adolescente disse que gostaria de ter tido mais orientações da polícia sobre como agir quando conversava com Lindemberg pelo telefone. "Pelo menos que tivesse aconselhado. Dado algumas dicas, tipo 'se ele começar a falar para você se aproximar, você não se aproxima'. O Lindemberg me falou oq deveria ser feito. Ele me ditou as regras".
Nayara também reafirmou que o seqüestrador não fez nenhum disparo de arma de fogo no dia em que a polícia invadiu o apartamento no ABC paulista. "Com a passagem do tempo, as coisas vão ficando mais claras na minha cabeça. Lembro que estava de olho aberto. Se ele tivesse dado um tiro eu teria visto e teria ouvido". A polícia alega que houve um disparo dentro do apartamento e por isso resolveu forçar a entrada da residência.
A adolescente afirmou disse também que não quer voltar ao colégio onde estudava com Eloá e que tem medo de reencontrar Lindemberg. "Fico angustiada de ver as imagens. Nunca mais quero ver ele na minha vida. Ele (Lindemberg) me culpava (pelo término do namoro com Eloá), ele não vai esquecer", comentou.
A amiga de Eloá também foi categórica quando a autoria dos disparos que atingiram a amiga e a feriu no rosto. "Eu sei que foi ele, sim, que atirou", disse. Nayara também lembrou que tem enfrentado problemas para dormir. "Às vezes tenho dificuldades para dormir. Fica aquela adrenalina, sabe? Parece que vai entrar alguem a qualquer momento", afirmou.
Lindemberg
De acordo com o Ministério Público, Lindemberg foi denunciado por homicídio duplamente qualificado (motivo torpe e recurso que dificultou a defesa da vítima) de Eloá; tentativa de homicídio duplamente qualificado (motivo torpe e recurso que dificultou a defesa da vítima) em relação ao disparo contra Nayara; e tentativa de homicídio qualificado (para assegurar a execução de crimes) contra o sargento da Polícia Militar Atos Antonio Valeriano.
Lindemberg foi, ainda, denunciado cinco vezes por cárcere privado qualificado em relação a Nayara (duas vezes), a Eloá e aos jovens Victor e Iago, mantidos reféns no primeiro dos cinco dias do seqüestro. Ele também foi denunciado quatro vezes por disparo de arma de fogo em lugar habitado.
Lindemberg fez a ex-namorada Eloá Cristina Pimentel da Silva, 15 anos, refém no apartamento da família dela por mais de 100 horas. Ele invadiu o imóvel na tarde do dia 13 de outubro, uma segunda-feira. A adolescente estava no local com a amiga Nayara Rodrigues da Silva, 15 anos, e dois colegas de escola. Os meninos foram liberados naquela noite, e Nayara, no dia seguinte, após 33 horas. Ela retornou ao cativeiro na quinta-feira, onde permaneceu até o desfecho do seqüestro. A ação terminou com as duas meninas baleadas. Eloá não resistiu e teve morte cerebral confirmada pelos médicos no sábado.
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