Preços atrapalham vendas futuras de soja

Os produtores de soja de Mato Grosso negociaram até outubro somente 26,8% da safra 08/09 que está sendo plantada. O percentual é muito baixo se comparado com os 60% que já estavam vendidos no mercado futuro no mesmo mês do ano passado. O motivo para essa diferença tão grande é a baixa cotação do produto, que sofreu neste mês uma desvalorização de 48% tendo por base a Bolsa de Chicago no dia 15, que atingiu US$ 8,50 o bushel (medida americana equivalente a 27,23 quilos), o menor valor no último ano. Nesse mesmo período, a saca de 60 quilos em Sorriso, maior produtor do Estado, foi vendida a R$ 32,80.

A analista da cadeia de grãos e fibras do Instituto Mato-grossense de Economia Agrícola (Imea), Maria Amélia Tirloni, destaca que a negociação futura está baixa porque o produtor estava esperando que o preço melhorasse, para vender melhor, recuperando assim os gastos com o aumento no custo da produção. Contudo, aconteceu o contrário, o preço do grão caiu mais e as negociações não foram feitas.

Em um cenário como este, conforme Maria Amélia, não há como fazer previsões de como o mercado deve se comportar, porque será mais fácil errar do que acertar. Ela só diz esperar que a soja tenha encontrado seu piso de cotação e não desça mais que isso. De acordo com a analista, o dramático nessa questão é que o mercado financeiro está se baseando no dólar e no petróleo, que estão oscilando muito.

Conforme Maria Amélia, a soja apresentou desvalorização de 11% no mês de outubro em relação ao mês de setembro deste ano. Já na comparação do acumulado de 2008 com o mesmo período do ano passado, a desvalorização alcançou 25%. E em relação à máxima de Chicago atingida em 3 de julho, quando o bushel foi cotado a US$ 16, o percentual foi de 44%. "Com tanta oscilação, ambos os lados ficam receosos, tanto quem compra, quanto quem vende".

Outubro começou com a commoditie sendo cotada a US$ 10,53 o bushel. No dia 15 chegou ao menor nível, de US$ 8,50, e o mês foi fechado no valor de US$ 9,26 o bushel. Em Sorriso, o mês terminou com a saca de 60 quilos sendo comercializada a R$ 35,50.

Segundo Maria Amélia do Imea, o preço da soja se baseia principalmente na cotação de Chicago porque é essa bolsa que norteia o valor da

commoditie no mundo. Como a maior parte da soja mato-grossense vai para exportação, esse preço tem que ser levado em consideração.