Droga para demência mostra potencial contra obesidade
Uma substância desenvolvida originalmente para tratar dos males de Parkinson e Alzheimer - tesofensina - revelou-se, em testes preliminares, mais eficaz no combate à obesidade do que medicamentos disponíveis atualmente.
Testes liderados por uma equipe da Universidade de Copenhague, na Dinamarca, e divulgados em artigo na revista The Lancet, revelaram que pacientes em dietas alimentares que recebiam as doses mais altas perderam até 12,8 quilos em seis meses.
Isto representa o dobro do obtido quando ingeridas drogas como sibutramina (Meridia ou Reductil) e rimonabante.
Sem intenção
A tesofensina chamou a atenção dos pesquisadores da obesidade quando foi observado que pacientes obesos com males de Parkinson ou Alzheimer tinham perdido peso sem a intenção de fazê-lo.
A droga funciona ao mudar a forma como três substâncias - noradrenalina, dopamina e serotonina - impactam no cérebro.
Elas levam a uma redução de apetite, fazendo com que uma pessoa coma refeições menores e tenha menos vontade de beliscar durante as refeições.
O estudo dinamarquês, liderado por Arne Astrup, da Universidade de Copenhagen, dividiu um grupo de 203 pacientes obesos em dois.
Ambos receberam uma pílula diária e submetidos a uma dieta moderada. Metade das pílulas eram de tesofensine, em diferentes doses, e a outra metade, placebo.
Depois de seis meses, todos os participantes do estudo foram pesados de novo e os pesquisadores constataram que o grupo que ingeriu placebo havia perdido uma média de 2,2 quilos enquanto os que haviam tomado tesofensina haviam perdido muito mais peso.
Os que haviam tomado uma dose mais baixa tinham perdido em média 6,7 quilos, os em dose média haviam perdido 11,3 quilos e os participantes com doses mais altas haviam perdido 12,8 quilos.
Este resultado foi, de maneira geral, o dobro do alcançado pelas substâncias para a perda de peso consideradas mais eficazes, e que têm licença para uso na Europa.
Efeitos colaterais
A tesofensina trouxe efeitos colaterais que iam de boca seca a insônia, náusea e diarréia. A dose mais alta elevou a pressão arterial dos participantes - o que causou preocupação, já que muitos pacientes obesos podem ter problemas cardíacos ou diabete.
Os pesquisadores disseram que a dose intermediária foi mais promissora porque propiciou uma perda de peso quase tão grande quanto no caso da dose mais alta, sem os efeitos colaterais mais graves.
Os pesquisadores esperam que estudos mais amplos confirmem o seu resultado. Não é provável que a droga seja disponibilizada na Europa até que estes testes sejam completados nos próximos dois anos.
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