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Economia
Sexta - 17 de Outubro de 2008 às 08:59

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Pela primeira vez, em seus 64 anos de história, a Sadia deverá fechar o ano com prejuízo. "Há uma po'ssibilidade [de prejuízo], mas sou corintiano e, até os 48 minutos do segundo tempo, ainda há jogo", disse Luiz Fernando Furlan, presidente do conselho da Sadia. "De repente, se não der para ganhar porque afundamos R$ 760 milhões [valor que se refere a perdas anunciadas no fim do mês passado em razão de operações financeiras com câmbio], pelo menos poderemos empatar."

Isso porque, além de as vendas do último trimestre serem geralmente mais fortes, a Sadia está tentando reverter pelo menos parte do prejuízo. Segundo Furlan, a auditoria em andamento irá responder se houve "conivência ou indução a essa falha por parte dos bancos internacionais".

"Estamos tomando todas as providências no sentido de preservar o interesse dos acionistas e dos funcionários, que foram prejudicados", diz ele. Incluem-se nas iniciativas negociações com os bancos estrangeiros --além de medidas judiciais cabíveis, que poderão ser impetradas caso não se chegue a um acordo, tão logo o levantamento da consultoria KPMG seja concluído.

A Sadia pretende apresentar o relatório na próxima assembléia de acionistas, prevista para o dia 3. O fundo de previdência Previ, um dos maiores investidores da Sadia, pediu esclarecimentos à empresa depois do prejuízo.

Furlan, que esteve com o presidente Lula na sexta-feira passada, afirmou ter lembrado a ele que a afirmação de que empresas exportadoras, como a Sadia, estariam especulando contra o real "foi infeliz". "Os bancos internacionais que colocaram 200 empresas brasileiras numa situação de aperto especularam contra o real", disse Furlan.

"Quem especulava a favor acreditava na estabilidade da economia, na taxa de câmbio histórica e no que o próprio presidente falou, que a crise não chegaria ao país. Essas empresas é que levaram ferro."

Para depois

A Sadia deverá postergar os investimentos em novas fábricas, previstos para o próximo ano. "Vamos ter de reestudar investimentos, e não somos só nós", afirmou Furlan, durante a inauguração de fábrica de alimentos industrializados em Toledo (PR). "Falei com uma dúzia de presidentes [de empresas] e todos estão olhando para a frente de uma forma mais cautelosa."

Nos novos projetos há duas fábricas no Brasil e a segunda unidade da empresa no exterior. No país, as fábricas cujos investimentos poderão ser postergados são um abatedouro de frangos em Campo Verde (MT) e um de suínos em Mafra (SC). Os investimentos previstos são da ordem de R$ 630 milhões e R$ 650 milhões, respectivamente. Já a fábrica de Abu Dhabi, nos Emirados Árabes, um dos principais mercados da Sadia, exigiria gastos de R$ 150 milhões. No Brasil, seriam geradas 8.000 vagas e, nos Emirados, 700.

"É possível que [o investimento em Abu Dhabi] seja adiado", disse Furlan. "A prioridade é colocar em funcionamento os investimentos que já estão em andamento. Não faz sentido começar um projeto que vai desabrochar daqui a dois anos e faltar recursos para uma fábrica que daqui a dois ou três meses estará operando."

Retração

Além da fábrica de Toledo, cuja produção passará de 17 mil toneladas para 81 mil toneladas por ano, a Sadia irá inaugurar outras cinco unidades até março de 2009. Juntas, elas representarão receita adicional de R$ 4 bilhões por ano para a empresa, que deverá faturar R$ 12 bilhões em 2008. A Sadia deixou de exportar US$ 300 milhões, em 2008, por falta de capacidade produtiva. Os novos investimentos atenderiam a essa demanda, mas a possível retração e a turbulência na economia obrigaram a empresa a rever os planos.





Fonte: Folha Online

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