Jovem mantém ex-namorada sob cárcere pela 4ª manhã em SP

O mais longo caso de cárcere privado do Estado de São Paulo iniciou a quarta manhã nesta sexta-feira. Armado, Lindemberg Fernandes Alves, 22, mantém a ex-namorada e uma amiga dela, ambas de 15 anos, reféns em um apartamento de um conjunto residencial de Santo André (Grande SP).

Às 6h30 o seqüestro completou 89 horas. Lindemberg rendeu a ex-namorada na última segunda. No imóvel também estavam outros dois adolescentes, libertados no mesmo dia, e a amiga da vítima. A garota foi enviada para negociar com o acusado e acabou sendo rendida novamente por Alves.

Durante a noite, o pai da estudante que voltou ao cárcere ontem tentou se informar sobre o estado da filha. De acordo com testemunhas, ele foi convidado a se retirar do local por policiais. A polícia não comentou o caso.

O coronel Eduardo Félix, do Batalhão de Choque da PM e um dos que chefiam as negociações, disse ter autorizado a ida da menina por acreditar que, assim, Lindemberg se entregaria sem ferir a ex-namorada --o que não ocorreu. Para especialistas, a medida foi um erro.

Refém

Na quarta (15), o coronel Eduardo José Félix de Oliveira, comandante do Policiamento de Choque, informou que Alves havia prometido se entregar após o almoço, mas voltou atrás. À imprensa o rapaz disse que vai entregar as armas para a adolescente e que vai se entregar, mas não estipulou hora.

Na manhã desta quinta, Alves voltou a aparecer na janela do apartamento, em um conjunto habitacional, e teria feito sinal de positivo. As negociações para libertar a adolescente, no entanto, não evoluíram.

Na quarta-feira (15), Alves conversou rapidamente com a reportagem, por telefone. "Tô preocupado com todo mundo", disse ele sobre sua família. "Na situação que eu 'tô' não dá para parar e pensar nisso", disse Alves ao ser questionado pela Folha Online na tarde de quarta-feira sobre o que pretende fazer após libertar a ex-namorada.

Inconformado com o fim do namoro, Alves invadiu o apartamento onde mora a ex-namorada por volta de 13h30 do último dia 13. De acordo com familiares, eles namoraram por três anos e terminaram há um mês, por iniciativa dele. Ela teria se recusado a reatar.

Ele está armado com dois revólveres e tem um saco cheio de balas, segundo a polícia. Desde o início do seqüestro, ele disparou quatro tiros em direção às pessoas que acompanham a movimentação --dois na noite de segunda e dois na terça-feira. Ninguém se feriu.

O caso de cárcere privado é o mais longo no Estado. Até então, o mais longo caso em SP havia sido registrado em abril do ano passado, quando Gleivson Flávio de Sales, que fugia da polícia, invadiu uma casa e manteve uma mulher e duas crianças reféns por 56 horas, em Campinas (SP).

Com Folha de S.Paulo e Agência Folha