Caos na saúde no interior sobrecarrega Cuiabá

Cuiabá é a única Capital do Brasil que não possui um hospital estadual para receber os pacientes do interior. Com isso, o Pronto Socorro Municipal de Cuiabá acaba ficando sobrecarregado pela demanda que chega de diversos municípios de Mato Grosso e até mesmo de outros estados, ainda assim continua salvando vidas com dedicação e eficiência. Ao todo, são mais de 25 mil atendimentos por mês.

Em seu programa eleitoral exibido ontem e reprisado hoje, o prefeito Wilson Santos (PSDB), candidato à reeleição, foi enfático ao dizer que o principal desafio para os próximos anos será mudar a qualidade de atendimento da Saúde Pública.

“Não estou satisfeito com a situação da Saúde. Por isso, tenho consciência dos desafios que temos pela frente: continuar avançando nas mudanças. Com a experiência que tenho hoje e com a vontade de melhorar, não tenho dúvidas de que faremos da Saúde cuiabana, um exemplo para o Brasil. Esse é o desafio para os próximos quatro anos”, assegurou Wilson.

E para tanto, o tucano, devido a sua capacidade de articulação com todos os Poderes, independente de estar num partido de oposição, já viabilizou junto ao Ministério da Saúde, quase R$ 5 milhões para a reforma do Pronto Socorro e para compra de novos equipamentos.

“Vamos modernizar a estrutura e investir pesado na qualificação dos profissionais. Será um novo Pronto Socorro, mais humano, mais eficiente e melhor equipado. A exemplo do que fizemos na educação, vamos fazer uma revolução na saúde nos próximos quatro anos”, garantiu.

De acordo com o Programa de Governo de Wilson, estão previstas as seguintes mudanças na estrutura do Pronto Socorro de Cuiabá: o projeto acolhimento, que já começou a ser implantado e que garantirá o tratamento mais humano ao paciente do pronto-socorro; o novo Pronto Socorro terá um dos mais modernos centros de exames de imagem.

“A reforma e humanização do Pronto Socorro será prioridade do próximo mandato. Não vou descansar enquanto essa obra não for concluída. Agora, é preciso ter uma relação franca e honesta com a população. A Saúde em Cuiabá precisa e vai mudar muito, mas é fundamental que o governo do estado faça sua parte também”, cobrou Wilson.

Na opinião dos pacientes oriundos do interior, a criação de um hospital estadual para atender aqueles que chegam de outros municípios, como também investimentos em políticas públicas nas próprias cidades, seria uma das alternativas para a melhora no atendimento da Saúde em todo o Estado.

Josefa Nascimento é uma das pacientes que saiu do município São Félix do Araguaia para ser atendida no Pronto Socorro da Capital. “Lá nós não temos posto de saúde, não temos hospital onde eu moro. Lá nós não temos nada, nada...”, desabafou Josefa.

O morador do município Nova Bandeirantes, Dercídio Guinatti, também reclama que onde mora não pode contar com atendimento de Saúde. “Lá onde eu moro não tem Saúde”, salientou.

Na visão da paciente Josiane Queiroz, de Nova Canaã, se houvesse alternativas de atendimento no interior não teria motivos para a população viajar centenas de quilômetros para receber um atendimento médico, e, consequentemente, abriria vaga para os pacientes da Grande Cuiabá. “Se na minha cidade tivesse um hospital bom, essa vaga que está aqui já serviria para outras pessoas que precisavam”, observou.

Já a mãe Ione Silva, de Jaciara, quase perdeu o filho após uma infecção generalizada. Ela foi até Rondonópolis em busca de atendimento, mas como não foi atendida precisou recorrer ao Pronto Socorro de Cuiabá. “Ele teve uma infecção generalizada. Foi pedida uma UTI e eu vim direto pra cá. Graças ao Pronto Socorro de Cuiabá, hoje eu estou com ele bem”, destacou a mãe. “Graças aos médicos e enfermeiros o meu filho está sendo bem tratado”, acrescentou o pai Luiz de Lima.

Outro paciente de Rondonópolis que teve que recorrer ao Pronto Socorro de Cuiabá para ser atendido é Seo Sebastião Rodrigues. “Nós temos que sair de Rondonópolis a 220 km de Cuiabá para fazer um tratamento aqui que nós poderíamos ter feito lá”, relatou.

De acordo com o prefeito, o inchaço no Pronto Socorro de Cuiabá se dá pelo fato do atendimento no interior ser caótico. “O estado inteiro vem se socorrer em Cuiabá porque o atendimento no interior é caótico. Nós vamos fazer a nossa parte e continuaremos atendendo com todo o carinho o interior do estado, mas como seria bom, para todos nós, se o estado fizesse funcionar a saúde no interior. Além disso, Cuiabá precisa de um hospital estadual para ajudar nessa demanda”, ressaltou Wilson.