Ajuste do dólar 'fará bem' à economia brasileira, afirma Lula
Para o presidente, a subida do dólar "foi positiva" para a economia de um modo geral, e principalmente para as exportações. Ele lembrou da época em que era oposição e que pedia que o dólar ficasse num patamar específico. "Isso eu sei que não dá mais", afirmou. "Vamos continuar com nossas previsões de que exportaremos mais de US$ 200 bilhões neste ano", afirmou.
Importação de máquinas
Ele ainda destacou que o aumento das importações não deve ser considerado como um problema. Nos últimos meses, o superávit comercial do Brasil vem caindo e a Organização Mundial do Comercio (OMC) já estima que será difícil sua manutenção se os preços das commodities sofrer uma queda importante. "Estamos importando máquinas. Isso significa que estamos comprando para produzir mais", disse.
Lula afirmou que estava na hora de países emergentes pararem de usar o dólar como forma de garantir o intercâmbio entre suas economias. "Por que Brasil e Índia precisam usar o dólar? Por que não podemos converter as nossas moedas diretamente? Vamos começar a discutir essa possibilidade com vários governos", disse.
Ele apontou para o exemplo do Brasil e Argentina, que abriram a possibilidade para que empresas possam usar as moedas dos dois países para pagar por exportações e importações.
"Levamos mais de um ano para chegar a isso. Mas vamos agora começar a discutir a possibilidade de levar isso também ao resto do Mercosul, primeiro. Depois, a idéia é de que seja usada em toda a América do Sul", afirmou.
Ele não descarta que será um trabalho "difícil". "Mas o nosso Banco Central vai ter de ser usado para ajudar nesse sentido."
Agricultura
O presidente Lula acredita que o setor agrícola vai recuperar rapidamente eventuais perdas na safra deste ano por causa da crise financeira e rejeita a tese de que as mudanças cambiais afetarão a renda no campo em 2008. "Precisamos parar de pensar em dólar e também pensar no real. A safra será colhida a um bom preço em real", afirmou Lula.
Para o presidente, não está na hora de as pessoas "ficarem lamentando a crise". "Precisamos é aproveitar as oportunidades", disse. Ele afirmou que não está preocupado com uma eventual queda nos preços nem o endividamento do setor.
"Estamos tomando todas as medidas necessárias. A agricultura não tem o que temer", disse. "Essa é a história da agricultura brasileira. Um ano está com certas dificuldades, mas logo se recupera e compensa nos anos seguintes. A agricultura é cíclica", afirmou.
Lula destacou que o efeito dos especuladores também afetou os preços das commodities nos últimos meses. "Muitos investidores, diante das perdas com o subprime (hipotecas de alto risco de inadimplência nos EUA), colocaram dinheiro em outras coisas, entre elas as commodities agrícolas", disse.
Lula insistiu que um dos problemas mais graves hoje é a barreira colocada pelos países ricos ao comércio de bens agrícolas. "Os países ricos precisam seguir o que dizem sobre mercado livre e de fato adotar medidas de mercado livre no setor agrícola", disse.
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