E ainda a chegada do Volvo V40 – que correrá por fora da briga não por falta de qualidade, equipamentos ou design, mas pela timidez operacional e mercadológica da Volvo no Brasil – quase simultaneamente aos rivais corrobora a tese de que a hora dos hatches premium é agora.
Nova geração
O A3 que estreia no país está na terceira geração e é o primeiro carro da marca alemã a usar aplataforma MQB, que serve também à 7ª geração do Volkswagen Golf. Na sequência, estreiam o Sportback, em julho, e o A3 sedã, em algum momento até o final do ano.
Impressões
O mais relevante nem é o visual sensivelmente renovado – sem grandes arroubos e um tanto conservador, mas agradável –, e sim a tecnologia embarcada. A primeira sensação ao volante é que o novo A3 está muito mais leve do que o predecessor. De fato está, mas não tanto: 1.325 kg ante 1.405 kg. O efeito é causado pelo uso de aços nobres, que reduzem a quase zero o nível de torção da carroceria. Menos torção, mais sensação de solidez e, consequentemente, de leveza.
Na prática, é como o rodar do grandalhão A8 (5,14 m de comprimento, 1,95 m de largura e 1.835 kg), consumindo quase o mesmo que um A1. O G1 experimentou o novo A3 Sport por cerca de 200 km, predominantemente rodoviários, e obteve consumo médio de 12,8 km/l – considerando uso urbano sob tráfego pesado. Tem popular que se arrasta pra fazer 10 km/l.
Quanto ao desempenho, há previsível perda em relação ao Sportback anterior, com motor 2.0 TFSI de 200 cv. Este percorria a aceleração de 0 a 100 km/h em 6,8 segundos, enquanto o atual, que traz um bloco 1.8 TFSI de 180 cv, faz a mesma prova em 7,2 s, conforme dados da fábrica. No entanto, passou a retomar melhor, por conta de o câmbio S-Tronic ter sete velocidades – ante seis do A3 anterior.
Destaque para o sistema de injeção: nas velocidades constantes, quem abastece o motor é uma injeção multiponto, mais eficaz em “cuspir” pouca gasolina no sistema; para uma demanda mais instantânea por desempenho, entra a injeção direta, que jorra combustível inteiramente na câmara de combustão. Segundo a Audi, é o único propulsor no mundo a usar dois sistemas de injeção.
Na prática, o prazer ao volante é o mesmo: aceleração vigorosa, trocas de marcha muito rápidas e estabilidade que passa segurança mesmo nas curvas feitas em velocidade mais elevada.
Para os donos do novo A3, talvez mais do que o consumo menor e o visual renovado, a melhor surpresa seja a cabine. Há uma clara sensação de maior espaço e criatividade em relação à anterior. Nem todos os comandos estão onde deveriam, e esse é o maior mérito. Controle de tração, Drive Select e sistema de auxílio a manobras estão numa nova régua, acima dos comandos do ar-condicionado, despoluindo uma área geralmente aglutinada de comandos. Rádio, navegação e conectividade estão no console central, como antes, mas dispostos de maneira mais simples e intuitiva.
Outro efeito desse rearranjo é a criação de dois verdadeiros porta-copos e um bom espaço para carteira, celular.
Sem GPS
O novo A3 sofre do mesmo mal do BMWSérie 1: não trazer bancos em couro na versão de entrada. Mas carrega um curioso e eficiente ajuste do banco do motorista: além do ajuste convencional de altura do assento, outra regulagem define o grau de inclinação da parte frontal do banco, próximo aos joelhos. Tudo manual, obviamente.
Quanto ao GPS, as primeiras unidades que desembarcarem por aqui não terão o recurso. E a Audi avisa que não será possível instalar (ou atualizar o sistema) posteriormente. Ou seja, os primeiros a comprar o A3 terão que recorrer a GPS externo.
Assim, a classe de hatches premium fica repleta de referências: Série 1, o melhor de guiar,V40, o mais seguro e equipado, Classe A, o mais bonito, e o A3, reunindo um pouco dos três.
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