Maggi compara crise econômica a terremoto
"Estamos no meio de um terremoto e a Terra continua tremendo". A frase é do governador Blairo Maggi (PR) sobre a crise econômica que assola a América do Norte e a Europa, com reflexos em todo o mundo. Maggi concedeu uma entrevista coletiva na tarde desta segunda-feira no gabinete dele, no Palácio Paiaguás, para falar sobre o atual momento econômico. Ele ressaltou que o Brasil está enfrentando a crise com cautela e que, por enquanto, os reflexos ainda não serão sentidos em Mato Grosso.
Blairo Maggi disse que tem estado com a TV ligada 24 horas por dia para 'entender a crise'. Enquanto conversava com jornalistas, diminuiu o volume da TV, sintonizada no canal GloboNews, que transmitia naquele momento boletins do mercado financeiro, como o aumento de cerca de 14% da Bovespa e a queda de 7% do dólar. Durante a explicação do governador sobre a crise, ele fez uma analogia como se o problema mundial fosse um terremoto. "Nesse terremoto, ninguém está conseguindo sair na rua para saber quantas pessoas morreram, quantas ficaram feridas, quantas casas caíram, qual o estrago. Este momento é de ficar quieto, esperando passar o terremoto para avaliar o que aconteceu", disse Maggi. O governador afirmou que o mercado financeiro ainda não tem condições de avaliar o tamanho do estrago porque o 'abalo' ainda está refletindo em muitos países. "O que se faz é ficar quieto, parado. A gente não sabe o tamanho do negócio. Tem que esperar o terremoto passar".
Falta de crédito
Blairo Maggi ressaltou também que, com essa confusão, o maior problema no Estado é a falta de crédito para exportação, para a produção e financiamento. "Ainda vamos esperar os abalos secundários e talvez daqui a um mês ou dois, saber o tamanho da confusão. Os efeitos disso teremos que avaliar na frente".
O governador observou que, possivelmente, o Produto Interno Bruto terá alterações por conta da crise mundial. "Certamente teremos uma diminuição do PIB no mundo. No Brasil a previsão ainda é de crescer 3,5% a 4% e, no mundo, menos de 2%. Demora de dois a três anos para retomar o nível de atividade econômica que nós tínhamos", concluiu.
Blairo disse que Mato Grosso não deve ser afetado ainda, a não ser pela falta de créditos para as atividades financiadas por bancos externos. Em Mato Grosso os financiamentos são divididos em três partes. A primeira delas é pelo Banco do Brasil, com operações em dia, sem sofrer problema algum. Pelas tradings também não há interrupção de negócios. A terceira parte, que representa cerca de 15% dos financiamentos, é de bancos internacionais. "Esse pessoal que aina não estava com as operações liberadas tem problema nesse momento. Dificilmente os bancos vão liberar recursos par aa atual safra".
Diminuição
A avaliação do governo do Estado é de que Mato Grosso, caso a situação se agrave, poderá ter uma diminuição na área de produção em torno de 10%. A crise maior para Mato Grosso, se ela se aprofundar, não seria com reflexos imediatos, mas apenas para 2010. "Isto porque não teríamos recursos assegurados para o plantio de 2010. Mas como falta um ano para o plantio da safra de 2009 para 2010, dá para mudar muita coisa.
Maggi afirmou que o governo do Estado tem tomado medidas para evitar um colapso local. Reuniões quase diariamente são realizadas para avaliar as tendências que a crise pode trazer. "Se for preciso, vamos segurar investimentos sem nenhum problema para não termos déficit no final do ano. Em primeiro lugar vem a saúde financeira do Estado para não perdermos o equilíbrio fiscal e financeiro que a gente tem", concluiu o governador.
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