Índios obrigam pagamento de pedágio na MT-358 e MT-235
Índios Parecis cobram pedádio de quem passa por trechos de rodovias estaduais que cortam a reserva indígena. Pelo menos cinco barreiras de arrecadação já foram montadas próximas das rodovias estaduais MT 358 e MT 235. Se o motorista se recusar a pagar a taxa pode até ter os documentos apreendidos.
A estrada Nova Fronteira é bem movimentada, ela liga a MT-358 à Sapezal, que tem aproximadamente 90 quilômetros de extensão. Cerca de 70 quilômetros passam por dentro de uma reserva indígena, por isso eles cobram uma taxa dos que trafegam pela estrada.
A etnia Parecis é quem toma conta de todos os pedágios. O preço é tabelado na maioria das barreiras. Carros, motos e caminhonetes devem pagar R$ 10, já os caminhões pagam R$ 20 e bi-trens pagam ainda mais caro, R$ 30. Por dia passam em média 90 veículos. No final do mês, os índios arrecadam cerca de R$ 20 mil.
Quem não pagar, não passa
Segundo o cacique, Luís Zemarce, quem não tiver dinhero é obrigado a voltar. "Se o motorista não quiser voltar tem que deixar o documento do carro. Só devolvemos quando ele voltar e pagar", disse o cacique.
De acordo com o engenheiro, José Mura Júnior, o pedágio é pressuposto de benfeitorias e não havendo melhorias não há porque cobrar o pedágio. "Isto é uma afronta ao meu direito de ir e vir", reclama o engenheiro.
MT-235
Até chegar a Sapezal existem outros dois pedágios. Na MT-235, que liga a estrada Nova Fronteira a Campo Novo do Parecis, a distância entre eles é de aproximadamente sete quilômetros.
O comerciante Daniel Camargo reclama o fato de um pagamento de dois pedágios ser em um percurso muito curto. "Infelizmente não temos muita escolha. Se não pagarmos temos que voltar e andar 700 quilômetros por Cáceres e região de Comodoro, o que pode aumentar muito as despesas", explica Daniel.
Dinheiro usado na aldeia
A cacique Mirian Kazaizokaio explica que o dinheiro é revertido para a aldeia. "O dinheiro é usado para alimentar as famílias, comprar eletrodomésticos e também manter um carro que temos", disse Mirian.
O consultor empresarial Nilton Ribas gasta R$ 160 todo mês, pois ele precisa percorrer o caminho à Sapezal pelo menos uma vez por semana. "Não justifica este tipo de pagamento, pois não temos diretamente nenhum benefício nas estradas. Pagamos porque não temos outra opção", Nilton.
Funai aprova o pedágio
O administrador do escritório regional da Fundação Nacional do Índio (Funai), de Tangará da Serra, Carlos Márcio Vieira Barros, que é responsável pela região do Chapadão dos Parecis, disse que a Fundação é a favor da cobrança da tarifa. Segundo ele, a Funai entende que pelo fato da estrada passar por dentro de uma área indígena, eles têm todo direito de cobrar uma taxa.
Comentários