Aprovação do presidente Bush é de apenas 27%, aponta pesquisa
Em meio a pior crise financeira vivida pelos Estados Unidos desde a Grande Depressão dos anos 30, a aprovação do presidente americano, George W. Bush, atingiu seu mais baixo índice nos últimos oito anos. Segundo pesquisa Gallup, apenas 27% dos entrevistados aprovam Bush.
O resultado representa uma queda de quatro pontos percentuais desde a pesquisa Gallup anterior, realizada antes do agravamento da crise financeira e do plano de resgate financeiro proposto pela administração Bush para injeção de US$ 700 bilhões para a compra de títulos "podres" (sem liquidez) dos bancos pelo Estado.
A queda é ainda maior se considerar pesquisa similar realizada logo após a Convenção Nacional Republicana, no começo de setembro, que oficializou a candidatura do presidenciável John McCain.
A queda na popularidade de Bush parece estar diretamente relacionada à crise financeira, embora tenha sido realizada antes da Casa dos Representantes reprovar o plano.
Segundo a pesquisa, conduzida entre 26 e 27 de setembro, apenas 28% dos americanos entrevistados aprovavam a resposta de Bush à crise. A maioria, 68%, indicou desaprovar o governo no pior índice dos últimos seis presidentes americanos.
Embora a maioria dos americanos concordem que é necessário uma ação do governo diante da crise, apenas uma pequena minoria favorece a legislação proposta por Bush.
A queda na aprovação de Bush vem, principalmente, dos filiados de seu partido. Segundo a sondagem, 64% dos republicanos aprovam o trabalho de Bush, uma queda de sete pontos percentuais em relação à pesquisa anterior.
Entre os independentes e democratas, a taxa de aprovação continua fundamentalmente a mesma, 22% e 3% respectivamente.
Uma queda ainda maior foi registrada entre os entrevistados que se identificam como conservadores. Ainda segundo o Gallup, a aprovação de Bush no grupo caiu 12 pontos percentuais, para 47%. Para o instituto, o resultado é reflexo da expansão do envolvimento da economia que o governo Bush propôs.
Pedido
Com apenas três meses de mandato, Bush tenta deixar a Casa Branca com uma resolução para a grave crise financeira do país. Nesta terça-feira, ele voltou à TV para pedir a aprovação do pacote de ajuda ao setor financeiro e alertar que a demora na aprovação poderá piorar a cada dia a situação de crise no país.
"A realidade é que estamos em uma situação de urgência e as conseqüências serão piores a cada dia se não agirmos", afirmou Bush, no quarto pronunciamento na TV em menos de uma semana, sobre a crise financeira no país. "Estamos em um momento crítico de nossa economia (...) Reconheço que essa é uma votação difícil para o Congresso. Ninguém gosta de ver a economia chegar a esse ponto", disse o presidente, que destacou ser preciso urgência para atacar a crise.
Bush lembrou que o projeto do pacote --que, de um documento de três páginas na forma como foi apresentado pelo Departamento do Tesouro, passou a mais de 100 páginas após dias de negociação com o Congresso-- foi rejeitado por uma pequena margem (foram 228 contra e 205 a favor da medida), mas que esse "não foi o fim do processo legislativo". "Pode haver muita disputa nesse tipo de votação, mas o que importa é que avancemos", disse.
Em uma votação que agitou o mercado financeiro mundial, os membros da Casa dos Representantes (Câmara dos Deputados) rejeitaram nesta segunda-feira o pacote proposto pelo governo de Bush.
No domingo, a chefe da Casa, Nancy Pelosi, se mostrou otimista com a aprovação do plano. O pacote de resgate financeiro foi tema de uma maratona de discussões no final de semana que terminou com um acordo parcial entre democratas e republicanos. Na segunda-feira, a Casa votou contra o plano.
O líder da maioria na Câmara de Representantes, o democrata Steny H. Hoyer, informou ontem que, apesar de a Casa Branca querer que um novo pacote de medidas seja discutido com urgência, os deputados só vão se reunir na quinta-feira, ao meio-dia (13h de Brasília).
Ainda segundo Hoyer, embora uma sessão tenha sido convocada para quinta-feira, "ainda não foi decidido" se a Câmara de Representantes vai estudar "a legislação relacionada à crise econômica".
Histórico
Os baixos índices de aprovação são comuns no governo Bush. O presidente republicano não teve uma aprovação superior a 40% nos últimos dois anos e foi avaliado positivamente pela maioria dos entrevistados apenas algumas vezes durante todo seu segundo mandato.
Bush já registrou taxa de aprovação de 28% várias vezes neste ano, principalmente nos meses de verão e primavera, quando os americanos viram suas férias prejudicadas pelo aumento do combustível. Sua maior taxa de aprovação neste ano é de 34%
O recorde de baixa aprovação é do presidente Harry Truman, aprovado por apenas 22% dos entrevistados em fevereiro de 1952. Bush agora se junta a Truman e o republicano Richard Nixon como os únicos três presidentes com médias de aprovação de 27% ou mais baixas.
Bush, contudo, tem também algumas das maiores taxas de aprovação em pesquisas Gallup, como logo após os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001, quando ele era aprovado por 90%.
A pesquisa Gallup foi realizada entre 26 e 27 de setembro, com 1.011 adultos. A margem de erro pe de três pontos percentuais para mais ou para menos.
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