De Sanctis nega ter mandado grampear Gilmar Mendes
"É constrangedor", disse o juiz Fausto Martin de Sanctis ontem, ao chegar ao prédio do Tribunal Regional Federal (TRF) em São Paulo para depor no inquérito policial que investiga suposto grampo contra o ministro Gilmar Mendes, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), e o senador Demóstenes Torres (DEM-GO). Durante três horas e dez minutos, foi ouvido pelo delegado Willian Marcel Murad, da Polícia Federal. Uma procuradora acompanhou a audiência, a pedido de Sanctis. O juiz negou ter ordenado ou mesmo concordado com a interceptação de "pessoas com prerrogativa de foro".
Também negou ter comentado com a desembargadora Suzana Camargo, do TRF, que Gilmar Mendes estivesse sob monitoramento - versão contrária à de Suzana, que disse ter ouvido dele que Mendes era alvo de vigilância. Suzana telefonou para o juiz em 10 de julho, dois dias depois que a Operação Satiagraha foi desencadeada. Sanctis acabara de decretar pela segunda vez a prisão do banqueiro Daniel Dantas.
A medida do juiz contrariou Mendes, que havia despachado habeas-corpus em favor do sócio-fundador do Grupo Opportunity. Suzana disse que indagou ao juiz se de fato ele havia ordenado novamente a custódia de Dantas e ele confirmou. "Você é mesmo corajoso", teria dito a desembargadora. Sanctis foi ouvido pela PF como testemunha, mas se sente pressionado. Ele foi intimado em apuração da Corregedoria do TRF a partir de representação do presidente do STF e tem 5 dias para "prestar informações" sobre a Satiagraha.
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