Investimentos no Brasil cresceram 84% em 2007, diz ONU
O Brasil foi o país que mais recebeu investimentos externos diretos (IED) na América Latina no ano passado, segundo um relatório da Unctad, o braço da ONU para comércio e desenvolvimento, divulgado nesta quarta-feira.
O país, que tradicionalmente disputa esse título com o México, recebeu US$ 34,6 bilhões de dólares no ano passado, um aumento de 84% em relação a 2006. Os setores que mais se beneficiaram da entrada de recursos foram o de mineração, metalurgia, alimentos e bebidas, refinarias e petroquímicas.
Os mexicanos ficaram em segundo lugar no ranking latino-americano de investimentos, com US$ 24,7 bilhões recebidos – um aumento de quase 30% em relação a 2006, afirma o relatório.
Esses dois países e mais o Chile foram o destino de sete em cada dez dólares produtivos enviados à América Latina e ao Caribe no ano passado, quando a região bateu recorde de recepção de recursos: US$ 126 bilhões recebidos, um aumento de 36% em relação a 2006.
Excluindo-se os centros financeiros offshore, o aumento do investimento produtivo foi até maior: 53%, para US$ 105 bilhões, diz a Unctad.
Recursos naturais
No Relatório sobre os Investimentos no Mundo (WIR, na sigla em inglês), os economistas da Unctad situam o aumento dos investimentos no Brasil e na América Latina no contexto de uma busca por recursos naturais que coloca tanto governos como empresas privadas competindo pelo controle das mesmas reservas.
Os altos preços das commodities – o barril do petróleo oscilou nos últimos dias entre US$ 100 e US$ 120, por exemplo – continuou tornando atraentes os investimentos, mesmo diante de um cenário em que governos adotam medidas para elevar seu controle sobre o setor primário.
Apenas na Venezuela, na Bolívia e no Equador, a entrada de investimentos externos foi muito pequena ou negativa, no que a Unctad interpretou como decorrência das restrições ou incertezas em relação às operações de empresas privadas nesses países.
Na região como um todo, o ambiente de negócios é mais propício aos investimentos externos no setor de mineração, mais aberto à concorrência, do que de petróleo e gás, em que companhias estatais dominam o cenário, segundo o relatório.
Investimentos fora
Outro aspecto destacado no relatório foram os investimentos realizados por países latino-americanos, sobretudo Brasil e México, em outras nações.
Excluindo-se os centros financeiros, o total desta rubrica caiu 43% no ano passado – para US$ 24 bilhões – mas apenas porque voltou a patamares que a Unctad descreveu como "normais".
É que, no ano retrasado, a compra da mineradora Inco pela Vale do Rio Doce (CVRD), no valor de US$ 17 bilhões, havia elevado os investimentos externos a patamares considerados "extraordinários".
Ainda assim, os números de investimento de companhias latino-americanas fora de seus países são maiores do que nos anos anteriores. O Brasil, por exemplo, investiu US$ 7 bilhões no exterior em 2007, o equivalente a quase três vezes a média anual de US$ 2,5 bilhões registrada entre 2000 e 2005.
Já as empresas mexicanas investiram no ano passado 43% a mais do que no retrasado: US$ 8,3 bilhões, de acordo com o relatório.
"De forma geral, os dados de investimentos diretos no exterior podem estar subestimando a velocidade da internacionalização das empresas latino-americanas", afirma a Unctad.
"Isso porque algumas aquisições importantes no exterior não foram registradas como investimentos nos balanços de pagamentos", acrescenta o relatório.
"As companhias latino-americanas, sobretudo do Brasil e do México, agora competem por liderança mundial em indústrias como petróleo e gás, mineração, cimento, aço, e alimentos e bebidas."
"Além disso, além das indústrias tradicionais, novas transnacionais estão aparecendo em setores como software, petroquímica e refino de biocombustíveis", completa o documento.
No mundo, os investimentos externos diretos também bateram recorde: chegaram a US$ 1,8 trilhão no ano passado. Os países desenvolvidos abocanharam US$ 1,25 trilhão e os emergentes, US$ 500 bilhões.
Neste ano, entretanto, a Unctad diz esperar que a crise financeira comece a surtir efeitos sobre a economia mundial, reduzindo a atividade econômica e, portanto, os investimentos externos.
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