Carioca pobre diz ter sido namorada de John McCain
A senhora de olhos claros cuja casa beira o rio Suruí, em Magé --a 60 km do Rio, na Baixada Fluminense--, está longe da modelo que buscava John McCain no porto do Rio em um Mercedes de luxo e freqüentava festas com a elite carioca. Mas Maria Gracinda Teixeira garante aos vizinhos e a uma rede de TV americana ter sido o "affair" do republicano por nove dias em 1957.
McCain narrou em seu livro ("Faith of My Fathers", Random, 1999) o período em que permaneceu no Rio, em folga de sua primeira viagem de instrução, a bordo do destróier USS Hunt. Segundo ele, a mulher o buscava no porto dirigindo um Mercedes e freqüentava festas de ministros, generais, almirantes e aristocratas. "Ela era muito bonita, tinha estilo e graça --atributos comuns em sua família rica e socialmente importante", escreveu McCain.
Se "Chérie" (querida, em francês) --como é conhecida no bairro Suruí-- for quem diz ser, seu estilo de vida mudou muito em 51 anos. Ela vive em uma casa modesta, com a pintura descascada, acompanhada por dois cachorros vira-latas. A casa fica às margens do rio Suruí, que recebe esgoto em seu leito.
De acordo com moradores, a mulher vive sozinha há mais de dez anos e se relaciona bem com a vizinhança. Segundo relatos feitos à Folha, um tio, identificado como Godinho, a ajudou a comprar a casa.
A história de "Chérie" é conhecida no bairro. Ela conta ter sido modelo, bailarina, miss e namorada "de gente importante". Em 1954, uma bailarina chamada Maria Gracinda ficou em segundo lugar no concurso miss Distrito Federal, promovido pelo "Diário Carioca".
Uma equipe brasileira da TV americana ABC News localizou Gracinda. Após ouvir a história narrada por McCain no livro, ela afirmou ser a personagem descrita. No entanto, não aceitou gravar uma entrevista com a equipe nem apresentou provas de que esteve com McCain no passado.
A Folha localizou "Chérie" ontem. "Não posso falar. Só posso na semana que vem, depois da reportagem", afirmou ela por telefone. Ao notar a presença da equipe da Folha, Gracinda foi para um cais próximo à sua casa. Atrás de redes de pesca, repetiu o que falou ao telefone: "Eu não posso falar". Ela não quis dizer quem ou o que a impedia.
Comentários