Crise americana pode “quebrar” produtores mato-grossenses
Para muitos analistas, o Brasil será um dos países mais afetados pela crise imobiliária-finaceira dos Estados Unidos. Segundo economista Reinaldo Gonçalves, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o Brasil é um país vulnerável porque não construiu, ao longo do tempo, os elementos necessários para protegê-lo de fatores desestabilizadores externos. A crise já impulsiona uma alta no dólar, que terminou a última segunda-feira (15) com um aumento de 2,18%, fechando o dia a R$ 1,80. Para muitos segmentos da economia nacional, esse momento está sendo acompanhado com muita cautela, principalmente para o agronegócio. Em Mato Grosso, estado fortemente agrícola, a crise ainda não causou estragos, mas em um cenário de projeção econômica as análises não são animadoras.
Inicialmente os produtores rurais mato-grossenses não devem sofrer com as conseqüências da crise norte-americana, porém, mesmo com a alta da moeda americana, pode não lucrar tanto como se especula. Na visão do coordenador do Instituto Mato-grossense de Economia Agrícola (Imea), Seneri Paludo, existem fatores positivos e negativos da crise. “O lado bom é, sem dúvida, a elevação da taxa de câmbio, pois ainda temos o resto da safra 2008 para comercializar com o dólar valorizado”, ressaltou.
Segundo Paludo, apenas 21% da safra de soja já foi comercializada. Na contra mão, o coordenador do Imea se mostra preocupado com queda nos preços de todas as commodites e, principalmente, com a restrição ao crédito. “A nossa grande preocupação é a falta de crédito, pois cerca de 80% da produção mato-grossense é financiada por terceiros, mas em momentos de crise se empresta menos”, sinaliza.
O economista Amado Oliveira também vê reflexos negativos da crise. “O grande problema é para quem está comprando insumos agrícolas neste período”, resume. Segundo Oliveira, os produtores rurais vão precisar comprar insumos com o dólar em alta, mas quando for comercializar a safra 2008/09 o dólar estará baixo em relação ao real, pois será um período de entrada da moeda americana no Brasil, o que joga o preço lá em baixo.
Dispensando o tradicional economês, a conta é bem simples. Os produtores vão comprar caro e vender barato. Está combinação foi um dos fatores que gerou a crise no campo, descapitalizando o setor produtivo. Apesar de um bom rendimento na atual safra, a classe ainda enfrenta muitos empecilhos e estão quitando os débitos dos últimos anos.
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